domingo, 14 de setembro de 2014

FB - o começo

Em julho de 1993, fomos de vez para a Fundação Bradesco (FB). Colocamos as coisas na Brasília e, provavelmente, em um caminhão (nós não conseguimos lembrar...rs) e fomos para a BR262 . São 250 km com muito mato e poucas cidades. Um percurso que faríamos muitas e muitas vezes até 1999.

O fato curioso dessa ida para a FB é que, quando fomos levar a Rosana em junho, o Tio Miro e a Tia Áurea, sempre prestativos e parceiros, emprestaram o carro (não me lembro exatamente qual era, sei que era SW) e o nosso primo Roberto foi dirigindo. Quando chegamos em Miranda, o motor do carro fundiu! O Roberto teve que voltar de ônibus e o carro ficou em Miranda. O Roberto, acho, nunca chegou a ir para lá...

Bom, não lembramos exatamente o dia da chegada. Como toda a mudança, certamente foi uma grande confusão de caixas, eletrodomésticos, roupas.... algo bem cansativo. Pela primeira vez, eu e a Rosana estávamos sozinhos em uma casa. Na entrada da escola, uma guarita com guarda 24 horas; uma rua de, mais ou menos, 400 metros levava às instalações. A escola é em formato de ferradura e ficava toda à direita da entrada. As ruas eram todas sem asfalto.

A FB tinha três tipos de moradias: os alojamentos masculinos e femininos, que abrigavam 40 alunos; as casas do Diretor e Vice; e as casas de funcionários, em blocos de 4 moradias, germinadas e exatamente iguais. O piso era frio (à noite, pois o calor era de suar vapor...). Olhando de frente, a sala ficava à esquerda (com uma pequena varanda) e a área de serviço à direita (tinha um muro com tijolos deitados e dispostos de tal forma que haviam espaços abertos). Nossa casa tinha uma primavera gigante na frente, com grama e um banco de madeira bem característico de lá.

Olhando o bloco de frente, da esquerda para a direita, na época da nossa chegada, moravam: na 1ª casa, alguém de quem não lembramos (depois veio o Zé Ronaldo, dentista, sua esposa Rubia e o filho deles, o Rafael); na 2ª casa, uma república masculina em que morava o Teixeira, colega da educação física (ficou na casa até irmos embora), o Ricardo, veterinário e um funcionário super gente boa de quem eu não lembro o nome agora; a nossa era a 3ª; na 4ª casa, o Valdemar, a esposa (não lembramos o nome dela, infelizmente) e o filho deles, Davi, que na época devia ter uns 7 anos.
A primavera e o banquinho - Rosana esperando o Hugo

O nosso bloco era o primeiro de um grupo de uns 12 blocos; entre um bloco e outro, uma pequena rua. Assim, tínhamos a frente do bloco de trás de frente para as janelas dos nossos quartos (isso ficou meio confuso...rs). À frente de nossa casa, uma visão muito linda: um gramado enorme, árvores pingo de ouro, uma visão ampla com um céu maravilhoso. 

As outras construções da FB: o prédio da administração, o da escola, o refeitório, o Clubinho (para recreação das crianças), o hospital, a lavanderia, a oficina, as 4 quadras poliesportivas, o prédio da sala de materiais de educação física e banheiros, o campo de futebol, o Clube dos funcionários. Também existiam as instalações específicas para o manejo de animais (estábulo, pocilga, granja, matadouro de frangos) e uma horta gigante.


Essa foi tirada bem tarde da noite....


Uma característica do local era a água salobra (com muito calcário). Fiquei especialista em trocar resistência de chuveiro pois o acúmulo de calcário nas resistências era absurdo. No máximo, em 10 dias a gente tinha que tirar a resistência e colocar em ácido para limpeza. Não tinha jeito. Eu me adaptei rápido a beber a água com calcário mas a Rosana saiu de lá sem se adaptar... não teve jeito.

A FB está em todo o Brasil. Porém, internatos como esse eram (ou são, não tenho certeza) apenas 2: o de Bodoquena, em Miranda, e Canuanã, na Ilha do Bananal, no Tocantins. O de Bodoquena é uma estrutura gigantesca pois são mil alunos e cerca de 200 funcionários. À época, todos podiam fazer tomar café da manhã, almoço e lanche, jantar no refeitório (uma das grandes vantagens era não precisar fazer comida - uma possibilidade de economia legal). Os alunos tinham, além das 3 refeições, 3 lanches (um de manhã, um à tarde e outro à noite). Todos os uniformes eram lavados em uma lavanderia industrial. Aliás, os alunos não podiam usar roupa de casa. Recebiam, também, calçados (botas, tênis, chinelos) e material de higiene pessoal. Então, a estrutura era absurdamente grande.

Era nesse sistema fechado e gigante que estávamos nos inserindo. Muitas histórias foram vividas lá e vamos tentar lembrar das mais significativas.

Paz de Cristo a todos!

sábado, 6 de setembro de 2014

1993 - indo para a FB

Depois que conheci a Fundação Bradesco - Escola de Bodoquena na apresentação do Arte Boa Nova, fiquei com a percepção de que seria interessante experimentar uma vivência como essa. Na época, comprar uma casa era um sonho muito distante. Tínhamos olhado várias opções; quase compramos um apartamento que estava sendo tomado pela Caixa Econômica Federal (procurávamos bastante imóveis deste tipo, onde o comprador não conseguia pagar as prestações e a CEF disponibiliza a valores mais acessíveis). Financiamento imobiliário era uma aventura muito perigosa pois ainda nem havíamos saído dom processo de hiperinflação. Comprar qualquer coisa financiada era uma ideia muito estranha: eu e a Rosana crescemos em um mundo onde as coisas tinham um valor de manhã e à noite estavam mais caras (literalmente). Overnight, gatilho salarial, hiperinflação, maquina de remarcar preços... tudo isso desestimulava pensar em comprar algo a longo prazo. 

Assim, a compra da casa própria foi o motivo pelo qual a Rosana topou sair de Campo Grande. Até havíamos comprado uma casa na saída de São Paulo (até hoje é longe), mas não mudamos pra lá. Acabamos vendendo pouco tempo depois de comprar pois a Rosana não quis mudar para longe do centro. Hoje vejo como ela estava certa.

Recebemos o convite para levar o currículo para a Fundação. Haviam três vagas de professor de Educação Física. Á época, estava saindo um casal de professores (acho que era Luis - o nome da esposa eu não lembro) e tinha sido criada uma vaga pois eram mil alunos e muitas atividades a serem desenvolvidas, incluindo fim de semana. Fomos levar o currículo em fevereiro ou março. Entramos no brasília bege que tínhamos e pegamos a estrada. 250km de muito mato e poucas cidades (Terenos, Aquidauana, Miranda, FB). O nosso querido amigo Jorge Henrique Franco Godoy foi conosco. Fomos conhecer a escola, falamos com a Diretora, fomos sair e... que chuva! Fui manobrar o fusquinha e a as rodas traseiras cairam em uma vala na frente da escola. Não sei exatamente de onde, saíram uns 15 homens de vermelho, na chuva torrencial, e ergueram o fusquinha da vala (que estava cheia d'agua)... esses 15 "homens" eram alguns dos alunos da escola, um povo maravilhoso e que em pouco tempo faria parte da nossa vida para sempre...

Uma vaga estaria disponível a partir de junho. O Jorge acabou não indo; eu trabalhava em escola particular e era um risco abrir mão de uma vez; a Rosana era concursada no estado e poderia se afastar durante alguns meses. Assim, ela foi para a FB antes que eu. Desse jeito, podíamos entender o que era aquele lugar, suas oportunidades e ameaças, se valeria a pena irmos.

A Rosana, para variar, encarou com muita coragem mais este desafio que a vida apresentava. Anos antes, havia encarado uma viagem muito arriscada, que era sair de Piraju e ir morar sozinha em Campo Grande, apenas com uma amiga e sem conhecer ninguém. Então, ela não teve problemas de se aventurar mais uma vez, mesmo que com um nó na garganta já que ela AMA Campo Grande (quantas vezes eu não ouço esta frase????rs). Ficou na casa da Dnª Eli, Diretora da escola, e mãe de 3 filhos - não lembro o nome de um (jogava futebol na época e estava morando fora), do Jean (amigo da UFMS que morava em Campo Grande e hoje está em Fortaleza) e do Chico (acho que hoje é advogado e é da PF), que morava com ela e é uma criatura maravilhosa, uma pessoa fantástica e que temos um carinho muito grande (e quem segura o basset, Chico?).

Uma passagem ficou marcante: na primeira sexta em que a Rosana estava na FB, fui visitá-la. Era festa junina no Arlindo Lima, escola municipal em que eu trabalhava. Esta escola fica na esquina do Centro Educacional, onde eu estudei da 2ª a 7º série. Para mim, era legal trabalhar em uma escola que eu via desde pequeno. Neste dia, fazia frio. Entrei na brasília e táca-le pau. Fui ouvindo as fitas cassete que eu tinha no carro e curtindo dirigir à noite para encontrar meu amor.... quantas vezes eu não faria isso depois? Deixei as abertura para ventilação abertas e uma delas estava bem na direção do meu joelho esquerdo. Foram quase 3,5 horas de viagem. Quando eu cheguei, quase não consegui dormir por conta da dor que eu sentia. Mas estava feliz de ver que a Rosana não ficou muito em pânico... só um pouco....rs

Em julho, saí dos empregos que tinha e fui para o Pantanal Sulmatogrossense passar os próximos 6 anos e meio da nossa vida que nunca mais seria a mesma. 

Paz de Cristo a todos!!!

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

De 91 a 93 - Valmirzinho e o futsal

No período de 91 a 93 (na verdade, começou no final de 90), trabalhei com futsal no Instituto Universo de Campo Grande. No segundo semestre de 90, comecei a trabalhar lá. Fui convidado pela proprietária Maria Elisa (o sobrenome eu não me lembro, mas era de família importante...rs) por indicação de alguém da área, mas também não vou me lembrar agora....

Meu esporte de origem é o voleibol. Como tive o desafio de começar a dar iniciação de futsal no SESC, fui tendo contato com o futsal. Me recordo bem que fui procurar o Rui Antonio de Lima, colega de turma e especialista em futsal. Ele me recebeu com muito carinho e deu dicas importantes. Confesso que se eu fosse mais maduro e humilde, teria ido mais vezes até ele, acompanhado treinos, visto jogos... como somos bobos, às vezes.

De qualquer forma, o início dos treinos no Universo deu certo. As turmas cresceram e houve ótima adesão. Assim, no final do ano, a escola resolveu investir e trazer mais uma pessoa para trabalhar com a modalidade. O voleibol da escola era muito forte e quem comandava era o Hudson, ainda um estudante da UFMS, de Aquidauana. Ele e o Melão - que eu não lembro o nome, infelizmente - tocavam o volei e recomendaram o Valmir, que eu conhecia da Federal. A partir de 91, o Valmir veio trabalhar comigo.

E aí nossa família ganhou um grande amigo. Em pouco tempo, Valmirzinho estava sempre em casa, alegrando o ambiente e fazendo todo mundo se sentir mais feliz... nossa parceria foi maravilhosa, pois ele entendia muito de futsal e eu conseguia articular as necessidades administrativas, com a Federação e com a escola... excelente. Cada um ficava com determinadas categorias e dávamos os treinos juntos. Tivemos momentos inesquecíveis, e o mais marcante foi quando ganhamos a seletiva para o estadual de 92 com o pré-mirim (uma virada histórica em cima da Escolinha do Pelezinho, o bicho papão da época) e fomos terceiro do estado em seguida. Jogávamos com os garotos da Mace, ASE, Dom Bosco, Oswaldo Cruz, Perpétuo Socorro, Escolinha do Pelezinho, Círculo Militar, Corumbaense... era bem movimentado o futsal na época.

Uma vez, saímos de um jogo, já tarde da noite. Tínhamos ido no carro dele, um SP2. A partir de um determinado momento, percebemos que um helicóptero estava passando perto da gente. Depois de alguns minutos, deu pra saber que ele nos seguia. Começamos a ficar preocupados, pois helicópteros eram coisa da polícia apenas, na época. Olhávamos para cima e nada da nave, apenas o som ensurdecedor das hélices prestes a nos cortar a cabeça... quase em pânico, decidimos parar o carro e correr (ou algo do gênero). Quando o Valmir parou o carro... que vergonha! Era o pneu que havia estourado e estávamos com o helicóptero nos ouvidos.... rimos muito e até hoje eu não sei como o Valmir não percebeu que a roda estava tocando o chão...

Trabalhar com iniciação precoce foi uma situação que, à época, era tida como normal para mim. Certamente, o tempo foi se encarregando de mostrar as evidências de que este tipo de trabalho traz mais malefícios do que benefícios e que o esporte deve ter um outro tratamento com crianças. Evoluímos.

O que de mais bonito ficou desta experiência foi a amizade que se estabeleceu com o Valmir e o amadurecimento profissional que trouxe. Um amigo importante na nossa história e que vai aparecer mais algumas vezes por aqui...

Paz de Cristo a todos!

domingo, 24 de agosto de 2014

De 91 a 93 - Arte Boa Nova

Então, continuando o registro de 91 a 93, lembro bem que foi um período onde algumas coisas foram determinantes para o nosso futuro.

Por exemplo: fui convidado pela Neli, amiga da família, a fazer uma oficina de teatro do grupo espírita Arte Boa Nova, do Nelson, Alex e Marta (todos se tornaram grandes amigos). Neste grupo de teatro também já atuava (e ainda atua) o Valmir Menezes, que trabalhava comigo no Universo, com futsal. A Rosana também fez, se não me engano. A partir desta oficina, o teatro voltou à minha vida com toda a força (na escola, fiz algumas coisas). O Boa Nova me deu algumas experiências decisivas. No teatro, encontrei algo que não havia sentido no esporte: reconhecimento. Apesar da paixão, eu iria demorar muitos anos até sentir na profissão o que senti no teatro: o olhar de aprovação e respeito pelo talento que eu tinha sem a competitividade que exclui e vê o outro como alguém a ser eliminado. Sinceramente, não acho que eu tenha um talento absurdo no teatro; mas é uma atividade com que me identifico e tenho facilidade em desempenhar com boa qualidade. Assim, durante o meu envolvimento com o teatro no Boa Nova, a camaradagem, o companheirismo, o respeito, os ensaios intermináveis, os resultados junto ao público e todo o clima profissional que os 3 mosqueteiros do Boa Nova (Alex, Nelsinho e Marta) colocavam nas atividades e peças me deram condições de amadurecer e me sentir capaz de olhar para algo e dizer: "Isso eu faço bem; não necessariamente melhor que todo mundo, mas posso me sentir seguro que o que farei terá um bom nível".

Obviamente, este amadurecimento de minha parte também impactou no casamento.  A Rosana demonstrou uma característica que sempre a acompanhou: acreditar em mim e estar junto nos desafios. Sempre me encorajou a participar dos ensaios (até ia em algunas - quem já fez teatro em algum nível sabe que ensaio é que nem treino; tem que gostar muito pra fazer porque envolve repetição e paciência) e sempre me deu o mais amoroso dos olhares antes, durante e após as apresentações.Sempre demonstrou orgulho e sentiu as vitórias deste tempo como dela também, até porque realmente eram dela também: já naquele tempo, eu não seria nada sem ela.

O Arte Boa Nova também nos proporcionou uma possibilidade decisiva: foi com o grupo que conheci a  Fundação Bradesco (FB). A Diretora da FB era a Dnª Eli, mãe do Jean que também é professor de Educação Física. Eu o conhecia bem por conta de sermos contemporâneos da UFMS - é da mesma turma do Haroldo e do Adilson. Dnª Eli é espírita e convidou o Boa Nova a ir à FB para fazer uma apresentação de uma peça que eu não lembro o nome agora (sei que eu fazia Moisés... acho que o nome era "Evolução").

Neste dia, acho que em 92, conheci a FB e no primeiro dia que estávamos lá eu pensei: "Será que é boa ideia virmos trabalhar aqui?". Bom, esta parte é pra depois...

Paz de Cristo a todos!!

domingo, 17 de agosto de 2014

Retomando o raciocínio....

Bom dia a todos!

Voltamos a postar as nossas crônicas depois de um período de reflexões e descanso.

Bom, falamos do ano 1, depois veio a Copa e nossa mente foi tomada de assalto por este fenômeno cultural e histórico que é a Copa do Mundo de futebol. Sinceramente, depois da postura da CBF em relação aos rumos da gestão do futebol comecei a sentir que o amor pelo futebol pode acabar... bom, isto é outro assunto.

Em 1991, eu e a Rosana tínhamos as seguintes rotinas:

- eu trabalhava no Instituto Sulmatogrossense para Cegos, no SESC, no Colégio Universo (com futsal)  e em duas escolas do Município com aulas de Educação Física (concursado); a Rosana trabalhava no SESC e no Estado (concurso);

- comíamos muita pizza no La Gondola (fica a 100 metros da nossa casa na José Antonio, em Campo Grande) e tomávamos lá a cerveja mais gelada do mundo. A pizza do La Gondola É A MELHOR DE TODOS OS UNIVERSOS!!!!!!!!!

- entramos um moai para comprar um vídeo cassete (que vinha do Paraguai) em um grupo no SESC. Foi ótimo quando chegou o nosso... Como era fantástico poder assistir um filme sem comerciais e poder assistir de novo quando ele acabava... a Rosana ficava brava comigo toda a semana por dois motivos: eu alugava 5, 6, 7 filmes por fim de semana sem tempo para assistir, lógico, (a nossa locadora preferida ficava na Rua Maracaju no mesmo quarteirão de nossa casa... mas não lembro o nome) e TODO o fim de semana eu tentava assistir "Goooooooooooooooood Morning, Vietnããããããããããããã!!!!!"... depois da décima vez ela começou a zangar.....

- a Rosana ia ao Belmar Fidalgo correr e eu não ia...rs

Ficamos nessa rotina (em 92 deixei 2 empregos - ISMC e SESC) até junho de 1993, quando tomamos a decisão mais crucial de nossa vida... mas esta é na próxima...

Paz de Cristo a todos!!

terça-feira, 8 de julho de 2014

Quando uma esperança vira um sonho

Estamos há duas horas do jogo entre Brasil e Alemanha pelas semi-finais da Copa do Mundo de 2014, a 2ª disputada no Brasil. Escrevo para os meus netos e bisnetos, se é que os terei. Ou, pelo menos, para o futuro, vai.

O futebol não é só futebol para o brasileiro. As horas que nos separam de jogos importantes são uma caminhada cada vez mais lenta para um final de filme em que não sabemos se o mocinho vai vencer. Para vocês, do futuro, cito três situações esportivas que podem descrever diferentes sensações e possibilidades:

- Quartas de final da Copa do Mundo de 1982: Valdir Perez, Leandro, Oscar, Luisinho, Junior; Falcão, Toninho Cerezo, Zico e Sócrates; Eder e Serginho. Um timaço que ia passar por cima da Itália e de quem viesse depois para conquistar o mundo após o 4º lugar de 1974 e o 3º de 1978. Perdemos o jogo e o rumo. Fiquei tão transtornado que passei mais de 20 anos sem poder ver imagens do jogo de Sarriá: várias vezes cheguei a vomitar de nervoso. Uma derrota impossível que fica menos dolorida com o tempo. Um momento inesquecível;

- Final de basquete dos Jogos Panamericanos de 1987, Indianápolis, EUA e Brasil de Oscar, Marcel, Guerrinha e cia. Os americanos jamais haviam perdido um jogo dentro de seu país e tinham um timaço. Os jogos despertaram tão pouco interesse que só a Tv Cultura estava transmitindo. Não sei exatamente porque, pensei antes do jogo: vou torcer pro Brasil como se houvesse chance de ganhar. O primeiro tempo terminou com os EUA 20 pontos na frente e, dizem, estouraram champanhe no intervalo (na época, eram 2 tempos). Pois é, ganhamos o jogo com o Oscar destruindo tudo o que via pela frente, o Pipoca ganhando rebote de tudo quanto era negão americano e eu enlouquecendo sozinho na sala. Chooooorei largado.... uma vitória impossível que fica mais gostosa com o tempo. Estávamos do lado italiano de Sarriá....

- Primeira vitória do Emerson Fittipaldi em Indianápolis: acho que foi em 1988... na última volta, com um bico do carro à frente, Emerson foi o primeiro estrangeiro a vencer também em Indianápolis... uma vitória possível que fica mais gostosa com o tempo....

E hoje, estamos próximos de um momento histórico. Na minha opinião, ganharemos por 4 a 1, em um jogo mais fácil do que imaginamos. Quem vai brilhar? Fred, Oscar e David Luiz. Podemos perder? Lógico. mas é essa a magia do esporte: depois de algum tempo, começa tudo de novo, ganhando ou perdendo.

Nestes 25 anos, nos acostumamos a olhar para o futuro com confiança. Nem sempre merecedores de tantas graças e bençãos, mas buscando este merecimento. Os desafios que enfrentamos precisam ser encarados com aquela máxima: "Tudo vai acabar bem; se não está bem, é porque ainda não terminou"...

Paz de Cristo a todos e que vença o melhor!!!

P.S.: Escrevo, agora, no dia 09, às 11:12. Foi 7x1 para a Alemanha. Um apagão histórico de 10 minutos e 4 gols tomados, a pior partida de uma seleção brasileira em 100 anos e a história passando diante de nossos olhos: Estes jogadores não mereciam uma humilhação como esta, mas a derrota de ontem pode ser o ponto de conversão onde o ponto de chegada é o HEXA NA RÚSSIA!!! COMEÇOU TUDO DE NOVO! VAI, BRASIL!!!!!

sábado, 5 de julho de 2014

Quando um sonho vira fumaça

Pois é, hoje é sábado, 05/07, um dia após a classificação do Brasil para a semifinal da Copa do Mundo e a desclassificação da 3ª vértebra lombar do Neymar. Acasos da vida que dão o tom para as alegrias e tristezas que todos nós temos em nossa caminhada.

Longe de ser um desastre, na minha opinião sempre otimista, a lesão do Neymar pode liberar a energia criativa de muitos jogadores, agora desobrigados a servir o grande craque. Não que eu ache que há um desconforto nisso, parece que o grupo realmente é unido, mas quando estamos sozinhos, sem os heróis de sempre, parece que temos que dar mais um pouco, temos que ir além. Colômbia jogou sem Falcão Garcia, França sem o Ribery... talvez a falta de Neymar seja um ponto de inflexão para que outros desabrochem como protagonistas.

Assim é a vida: nós podemos achar que somos imprescindíveis para alguém, que nossa presença e opinião é obrigatória... mas nunca é assim. Supervalorizamos a nós mesmos e nosso papel no mundo e na vida dos outros. Quando a vida nos joga na cara o quanto somos "desimportantes", temos a tendência de nos revoltarmos. Amigos, filhos, colegas de trabalho, familiares: nenhum deles viverá sem a gente, nenhum deles vai viver apenas pra nós. E que bom que seja assim: já pensou que terrível responsabilidade a de sermos imprescindíveis para alguém? De sermos indispensáveis no nível de impedir a outro que caminhe?

É terrível a consciência de que somos imprescindíveis apenas a nós mesmos: eu só posso ser imprescindível a mim mesmo, não posso permitir que a minha existência seja tão estranha que eu possa viver apenas para os outros e nunca para mim....

E qual é o limite entre ter esta consciência e não ser egoísta? Ahh, esta é uma questão que nem uma final de Copa do Mundo contra a Argentina com vitória BRASILEIRA pode responder...

Paz de Cristo a todos!

domingo, 29 de junho de 2014

Copabacana

Ontem, 28 de junho de 2014, vivemos mais um momento mágico que o esporte nos proporciona. A iminência do trinfo ou da derrota, o drama compartilhado entre os jogadores e o povo, o êxtase da vitória - tudo em duas horas de aventura.

Os meus filhos sempre estranharam o meu envolvimento com a Seleção Brasileira. Eles acham engraçado o nível de stress a que chego em jogos do Brasil durante a Copa do Mundo. Acho que ontem o Ian (o Hugo foi assistir o jogo com amigos em Sorocaba) sentiu um pouco deste sentimento que o futebol brasileiro provoca. Contra um Chile muito bem estruturado, com bons jogadores e focado na vitória sem abrir mão de jogar futebol, nossa seleção viveu momentos de extremos: uma bola na trave a 2 minutos do fim da prorrogação quase classifica o adversário; depois, nos pênaltis, fomos abençoados com a classificação às quartas de final.

Em 1974, assim que terminou a semifinal contra a Holanda, fiquei sentado na sala (tinha 7 anos) durante alguns minutos, sozinho. Não aguentei e chorei muito, culpando o Gérson ("porcaria de Gerson", era o que eu dizia), por eu ver o Brasil perder pela primeira vez. E por que o Gérson? Não sei a resposta. Sou são-paulino desde muito pequeno por causa de uma foto dele na Placar com o uniforme tricolor.

De 1974 pra cá, chorei muitas vezes. Sarriá (esta foi doída demais...), México em 86, o Tetra, o Vice, o Penta.... muitas emoções que vão se acumulando e solidificando ainda mais esta relação de amor pela Seleção.

Não sei qual será o destino do Brasil no jogo com a Colômbia. Eles também tem o direito de vencer e vai ser lindo acompanhar tudo isso. Mas esta Copa é a Copabacana pois está acontecendo tudo aquilo que um amante do futebol e do País gostaria: uma celebração linda e um evento que favorece a imagem do brasileiro como realizador. E os abusos e absurdos realizados durante a preparação da Copa devem ser cobrados pelo TCU, pelas autoridades e por nós, nas urnas. Cada coisa em seu lugar e no tempo certo.

Paz de Cristo a todos!

domingo, 15 de junho de 2014

Hugo, 20 anos

16 de junho de 1994, véspera do início da Copa do Mundo: nosso filho mais velho, o irmão do Ian, o Hugo nasceu e apareceu. No final da manhã, a Rosana começou a ter a perda de líquido e o desconforto que anunciavam a vinda deste serzinho tão desejado. Eis um aspecto que determina a relação entre pais e filhos: o desejo, a intenção concreta dos pais de trazer uma nova vida ao mundo. Nos preparamos e nos amamos mais profundamente a partir do dia em que confirmamos que a Rosana estava grávida. Fui ao laboratório com a minha irmão Gilda e a Neli, amiga da família, na cidade de Miranda, pois trabalhávamos na Fundação Bradesco, entre Miranda e Corumbá. A Rosana tinha ficado em casa, acho que estava dando aula (acabei de ser lembrado que ela estava lá, sim...). Quando abri o resultado, vi que DEUS havia escrito, em nossas vidas: vocês valem a pena, tomem um anjo pra brilhar pra sempre nos seus corações. Todo dia, todo segundo que olhamos para o Hugo, vemos o quanto somos abençoados, o quanto vale a pena viver com dignidade, com fé e com a coragem necessária para se lançar nos braços do Cristo.

Durante a gravidez, descobrimos que o Hugo gostava muito de rúcula. A Rosana não engordou demais (foram mais ou menos 9 quilos), mas inchou bastante na reta final da gravidez. No dia em que o Hugo nasceu, ela diz que sentiu dor (mais para desconforto) até pouco antes de ir para a sala de parto. Depois, curtiu muito. Eu fiquei na sala todo o tempo, vi a cabeça do Hugo indo e vindo, ajudei a pressionar a barriga pra facilitar a saída dele, vi fazer o corte pouco antes do nascimento... e quando a médica falou que era última contração, a Rosana falou: "Ah, já vai terminar? Tá tão gostoso..."

Pois é, parece mentira, mas é o que aconteceu, né Terta??? Mas o que não pareceu verdade foram os 9 meses de choro e preocupação: o Hugo simplesmente não parava de chorar. Quem sabe o que era? O calor, os mosquitos, vai saber o que o incomodava? Fomos a médicos, padre, centro espírita (por indicação da médica...), enfim, lutamos como podíamos. Chegou ao ponto de querermos que ele tivesse algo, já que nada parecia motivar tanto choro. A Rosana emagreceu como nunca, não dormia, não descansava. Eu confesso que conseguia dormir e não fiquei tão cansado. O peso ficou todo pra ela. Minha mãe ajudou demais, mas realmente a Rosana aguentou o tranco pois parece que a MÃE sente em dobro o que o filho sente.

Daí, no dia 16 de março de 1995, quando fez 9 meses (exatamente), ele parou de chorar. Eu acho que foi o dia em que DEUS definiu que o Ian seria nosso segundo filho. O Hugo parou de chorar e se tornou um sonho ambulante (exagero de pai babão). Desde aquele dia, tem sido uma luz na nossa vida. Dá umas piscadas de vez em quando, mas estamos no mundo para aprender, né?

Todos os dias, levantamos, nos abraçamos, nos olhamos com o amor que é cultivado em cada cuidado, cada exagero, cada intenção. É um filho cuidadoso, amoroso, acolhedor. Uma inteligência ímpar, um talento para a criação que vai levá-lo longe. É um irmão maravilhoso: podem acreditar, o Ian e o Hugo são quase uma pessoa só (às vezes não parece...), mas é uma ligação que deixa a gente meio impressionado.

Acho que muitas histórias virão ainda durante este tempo em que as crônicas vão ser escritas. Hoje, é dia de agradecer a DEUS pela nossa família, pelo Hugo e por todo o futuro brilhante que está à frente. Mesmo com algumas nuvens escuras e incertezas (somos humanos e sujeitos aos perigos que este mundo doido traz), sentimos em nossos corações que nossas gerações futuras serão fortes e sólidas. O Hugo, nosso filho e irmão do Ian, neto da Dona Iraci e Santa, Seus Joões Simões e Lourenço está aí para isso.

Paz de Cristo a todos e PARABÉNS Hugo!!!!

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Dia dos Namorados, que viagem (dedicado, tal como a minha vida, à Rosana Célia Simões Lourenço)

Hoje é Dia dos Namorados - não adianta, ontem não foi - o dia certo é 12/06.

Nunca fui de comemorar datas e a Rosana, também não. Então, queria falar mais de "Namorados" do que de "Dia dos".

Quando encontramos uma pessoa que nos estimula da forma correta, rola uma paixão. Quanto mais imaturos, mais temos a tendência de achar que não viveremos sem esta pessoa. Se há sexo, então, minha nossa!

Só que o tempo se encarrega de acomodar os nossos hormônios. O bem estar químico que uma paixão desencadeia vai se tornando uma rotina e a pessoa "amada" não desperta tanta paixão (ou tantos hormônios injetados em nossa corrente sanguínea...). A paixão vai se dissolvendo e o cotidiano vai se encarregando de deixar o "anjo" ou o "benhê" mais humano e cheio de falhas.

Quando a sensação da paixão diminui e, mesmo assim, ainda queremos encontrar a pessoa "amada", o caminho para o amor está aberto e as aspas começam a se dissipar. Quando você consegue viver sem a outra pessoa mas escolhe viver com ela, o amor vem se estruturando. Quando você consegue ver a outra pessoa sem ilusões e em sua plenitude (ou pelo menos, ter esta sensação, até porque nós vamos mudando com o tempo), entendo seus defeitos e virtudes e ama o conjunto, aí a pessoa se torna amada, sem aspas e sem dúvidas quanto ao amor. A magia, então, está em mudar junto com o outro, evoluir junto, sentir junto, até que ambos se tornam uma pessoa só, sempre atentos para que esta união seja perene.

Então, eu olho pro amor da minha vida, a Rosana, e me vejo invadido pela sensação de amor pleno, sexo pleno, andar em sintonia pleno. Ela é a pessoa mais chata que eu conheço porque é a pessoa que eu mais conheço; sistemática, medrosa, corajosa, mãe perfeita, filha completa, nora amorosa, acolhedora e paciente (sem ilusões: é lógico que conviver é difícil, mas a Rosana ama e cuida da minha mãe de forma exemplar).

Acho que a gente comemora o "Namorados" todo dia (entre uma TPM e outra...); talvez nunca prestemos a devida atenção ao "Dia dos". Fazer o quê?

Paz de Cristo a todos!

ISTO BRASIL!!!

Bom, hoje é o dia de estréia do Brasil como anfitrião do mundo todo, pois é sede da sede de ganhar uma Copa do Mundo. Até algum tempo atrás, eu não estava empolgado com o evento em si, posto que a crítica a todo este sistema político e social que foi e é construído por nós mesmos como cidadãos acaba servindo como antídoto para exageros.

Mas passei no Itaquerão a cerca de 40 dias atrás para dar uma olhada e fui tomado pela consciência de que é vivemos um momento particularmente marcante. Não importa o que acontecer enquanto resultado esportivo, será histórico e tão eterno quanto um fato esportivo possa ser eterno. Obviamente não entrei nas dependências do estádio mas entrever o gramado, as arquibancadas, o ambiente todo foi revelador: estamos diante da História - é como se estivéssemos assistindo ao comício das Diretas Já no Vale do Anahnagabaú ou a queda do Muro de Berlim. Se o Brasil ganhar, a redenção de 50, a ascenção de Neymar ao nível de Maradona ou Messi e novo período de ouro para a Seleção Brasileira; se o Brasil perder, alguém será o novo Uruguai (talvez o Uruguai de novo, tomara), Neymar vai ter que esperar 4 anos para nova oportunidade e novo período de reconstrução para a Seleção Brasileira.

Por mais que a gente entenda conscientemente que o futebol é apenas esporte (lógico que não é só esporte), que o Brasil não é a Seleção (lógico que é - na minha opinião, a camisa da Seleção deveria ser colocada ao lado do Hino, do Brasão e da Bandeira como símbolo nacional) e que nossa vida não vai mudar em nada se o Brasil não for campeão (lógico que vai - você vai assistir um filme torcendo pro bandido?), é literalmente impossível ficar alheio ao que se passará nos campos e cidades do Brasil de hoje, 12/06 até 13/07. E aí...

E aí eu me lembro do meu pai, Seu João Lourenço e seu patriotismo brega (que eu tenho exatamente igual). "ISTO BRASIL" (fale sem terminar Brasil em "u", mas com a língua no céu da boca) era a frase padrão do pai nos gols, viradas e shows que as seleções dos anos 70 e 80 nos proporcionaram. Nas derrotas, a cara murcha e o seu caminhar em direção à sala de gesso para fazer ataduras gessadas: minha impressão é que em todas as Copas que o Brasil não ganhou meu pai ia, depois do jogo fatídico, fazer ataduras gessadas. Eu e o meu irmão Beto sempre usamos o ISTO BRASIL nas nossas conversas sobre a Seleção Brasileira. Tenho certeza que todo mundo tem referências pessoais em relação às Copas do Mundo e o Brasil. Por isso, quem é brasileiro, gostando ou não de futebol, é definido em sua nacionalidade pelo futebol, assim como o samba, bossa nova e carnaval. Fale para um estrangeiro (qualquer um) que você é brasileiro e que não gosta de futebol. A reação de espanto é a prova de que nós, como nação, fomos moldados também pelo esporte bretão.

ISTO BRASIL!!!!

Paz de Cristo a todos

domingo, 25 de maio de 2014

Frio é tempo de ser feliz?

Hoje foi um domingo de frio e chuva, uma delícia. Eu gosto muito deste tempinho friorento, do calor debaixo da coberta, da comida fumegando, do céu, da chuva... muito aconchegante.

Lógico que é um clima que judia de quem está desamparado. O calor é mais democrático, menos "elitista". Um tipo de problema que deve ser resolvido pela nossa atuação na sociedade, no dia a dia, na nossa profissão e atuação nos diversos círculos em que transitamos. Mas o foco aqui é nos momentos que cada clima e situação podem nos ofertar para viver a vida de forma mais proveitosa, fazendo jus às bençãos que nos é dada por Deus.

A minha irmã Gilda está em nossa casa hoje. Pra variar, fez comidas maravilhosas. Ontem, pão italiano com recheios diversos (calabresa com e sem cebola por causa do Ian, mussarela, presunto). Hoje, uma feijoada daquelas. Em torno da mesa, foi um almoço como tantos outros em nossa vida. Delicioso.

Aí, penso o seguinte: quantos almoços na vida acabamos não desfrutando? Quantas oportunidades que nos são oferecidas pela vida para estar junto com pessoas que amamos e que deixamos passar por ... nada? No cotidiano, encontramos com pessoas de quem gostamos e não aproveitamos nem um segundo. Mergulhamos nas nossas pretensas "grandes questões" e deixamos passar estes momentos como se fossem nada. Que grande besteira! 


O frio, o calor, o vento, a chuva, o entardecer, o amanhecer, o meio-dia, a madrugada.... todo clima é gostoso e toda hora é propícia quando nosso coração está aberto ao amor e ao encontro. Ser assim todo o tempo é um desafio, assim como ser feliz é desafiador pois coloca a responsabilidade sobre nossa condição exatamente onde ela nunca saiu e nunca sairá: de nós mesmos. O que acontece à nossa volta nos influencia e é influenciado por nós, mas não pode nos dominar por completo. Washington Olivetto tem um frase interessante: "A vida não é um jogo de futebol, onde você tem alguns grandes momentos decisivos (os gols); a vida é como o basquete, onde você vai marcando pontos a cada momento...". Acrescento: é no dia a dia que a gente se prepara para os grandes momentos; e muitos grandes momentos são, na verdade, alguns daqueles "pequenos e corriqueiros" momentos para os quais temos que estar atentos.

Paz de Cristo a todos!

domingo, 18 de maio de 2014

Churrasco se come com mandioca, lógico!

Churrasco se come com mandioca.

Esta verdade absoluta em alguns lugares, incluindo o Mato Grosso do Sul, é alimentada em nossa casa. Nos churrascos que fazemos, a mandioca cozida é obrigatória. O contraste do seu sabor e textura com o da carne temperada apenas com sal grosso é marcante e absolutamente perfeito. A gordura é um problema por ser deliciosa e perigosa: mas que sabor perfeito....

Em minha família, nunca fomos de fazer churrascos. Acho que na família da Rosana também não eram uma tradição. Por isso, principalmente, não desenvolvi esta habilidade. Não me lembro de fazer um churrasco até 1993 quando, morando na Fundação Bradesco - Pantanal, tentei fazer o primeiro. Foi um desastre gastronômico de proporções épicas assim como todos os demais até 2009... uma prova de que a insistência e falta de vergonha acabam levando a superação de nossos limites.

Quando fiz o primeiro churrasco, acabamos contando com a ajuda do Juarez, inspetor na Fundação, que assumiu os espetos quando viu que daquele mato não ia sair coelho, picanha ou alcatra.


Com o tempo, fui me arriscando a fazer churrasco e obrigando minha família a se arriscar a comer. Salgando, queimando, derrubando, saindo pra comprar bebida ou carvão que faltaram, uma farra que sempre fez a Rosana ficar muito brava (que falta de organização....). Sempre fiquei espantado com os churrascos que eu comia onde a carne era tenra e temperada no ponto correto. Honestamente, ainda não sei cortar a carne corretamente (na direção da fibra, conforme meu irmão sempre fala), mas aprendi que com carne de boa qualidade não tem erro se você não exagerar no sal grosso e deixar no calor adequado durante o tempo certo, sucesso garantido. Acho que o protocolo que envolve fazer um churras é importante: como você prepara os utensílios, as carnes, sal grosso, como acende o fogo, organiza as carnes, linguiça, legumes, pão de alho e queijos para ir servindo o povo.

 Denise, Rosana e a churrasqueira ao fundo
 Mãe, Beto, Gilda e Edson
Hugo, Gilda e Ian

As fotos acima foram tiradas hoje, 18/05/14. Um churrasco em família para matar as saudades da Tia Gigi que está morando em Campo Grande. Uma delícia!

Uma mandioca cozida bem macia junto com uma carne no ponto preferido e com a quantidade de sal grosso certa leva a gente de volta pra casa em que crescemos, dá sabor pra saudade e ajuda a marcar um tempo gostoso e de felicidade

Nada contra o pão, a salada, a maionese (todos muito bem vindos e bem mordidos também): mas churrasco se come com mandioca assim como a vida se vive com gente que a gente ama.

Paz de Cristo a todos.

sábado, 10 de maio de 2014

MÃE é MÃE

Domingo é dia das mães. Que boa lembrança essa.

Eu via a Rosana se tornar mãe ou MÃE, como é mais correto descrever esta forma intuitiva, premonitória, exagerada e absurdamente plena de se relacionar com outro ser humano. Ver este processo é um privilégio. Se as mulheres já tem um 6º sentido, quando se tornam mães devem produzir mais uns 12 sentidos, tal é a maneira com que pressentem, sentem e vivenciam essa missão. A Rosana é a melhor MÃE do universo, assim como são a Dona Iraci (a minha), Tia Áurea, Dona Santa (minha sogra), Gilda, Claudia (MÃE de aço), Rose (minha cunhada), Silmara, Lia e todas as mães do mundo. É assim mesmo: cada mãe que aceita ser MÃE é a melhor do universo porque não há comparativo entre uma MÃE e outra MÃE, nem mesmo um comparativo entre a relação de dois filhos com a sua MÃE.

Rosana não dormiu durante 9 meses seguidos quando o Hugo nasceu; Rosana foi uma malabarista do amor quando o Ian nasceu, pois éramos (e continuamos a ser) 3 homens berrando por um pouco de atenção. Quanta proteção e força, quanto "prestar atenção no outro". Quem cortava as minhas unhas antes de eu conhecer a Rosana? Não tenho ideia. Ela sempre me pergunta isso. Ela corta as unhas do Hugo e do Ian. Cortava as unhas do meu pai, também.

Se há alguma forma de imaginar ou sentir como Nossa Senhora se relacionou com o menino Jesus, é só olhar para uma MÃE - e não uma mãe - cuidar do seu filho. Os meus tem o maior, mais terno, mais abrangente, mais puro e dedicado amor que uma MÃE poderia oferecer aos seus filhos.

Dona Iraci foi e é a mulher que mais amo no mundo. Na minha infância, fomos tão próximos quanto um filho e uma MÃE podem ser. Contudo, somos todos caminhantes no aprendizado da vida e não somos tão próximos quanto eu sonhei que seríamos (apesar de morarmos juntos). Coisas da vida e uma reconstrução lenta, gradual e progressiva no cotidiano em que estamos inseridos.

Dona Santa foi uma MÃE corajosa e forte. Com uma personalidade extremamente forte, comandou a família com mão de ferro e gestos de amor que marcaram todos ao seu redor. Uma mulher que nasceu em condições duras e que dura foi com as condições em que nasceu. Se tivesse estudado, teria sido Governadora do estado, no mínimo....

A Cláudia é minha prima, filha do Tio Miro e da Tia Áurea, irmão do Mi e do Roberto. Ela personifica, pra mim, a força da mulher que olha pro destino e segue em frente na busca da felicidade. Três filhos no Céu e uma aqui na terra, reconstruiu sua vida após uma tragédia que abateria qualquer homem e muitas mulheres. Um exemplo e a quem dedico especialmente esta crônica.

Paz de Cristo a todos.

domingo, 4 de maio de 2014

Casamento, que viagem! - Ano 1

Nos casamos em dezembro de 1989. 1990, portanto, foi o ano 1 dessa caminhada.

Nos casamos muito apaixonados e vivíamos uma lua de mel diária. Fomos morar na casa de meus pais. Primeiro, no meu quarto enquanto o meu irmão e minha cunhada terminavam de preparar o apartamento (foram morar na Rua Palomar, na Vila Alba), depois fomos para os dois cômodos no fundo de casa. Nestes dois quartos funcionou, de 1973 a 1987, nossa fábrica de ataduras gessadas. Nos deu muito dinheiro, já que apenas nós fazíamos este material no estado: pena que bom senso e  sabedoria só se ganha com o tempo. Em casa, não tínhamos ideia que ganhávamos muito dinheiro; provavelmente, se soubéssemos seríamos muito piores do que somos. De qualquer forma, quando eu e Rosana nos conhecemos já não havia fábrica de ataduras e nem dinheiro sobrando...rs

Na época, ter casa própria era um sonho muito, muito, muito distante. Financiamento de casa era uma aventura perigosíssima, economia maluca, inflação absurda e escolhemos juntar as forças para vivermos nossos sonhos, incluindo a casa (conquistada alguns anos depois). Mas não dava para comprar casa e depois casar. No primeiro ano, os dois trabalhavam no SESC. Além disso, eu assumi um concurso no estado, que foi um desastre: não consegui ficar 6 meses na escola (não me lembro do nome, era para  lado da Coca-Cola, saída para São Paulo).

Em 90, tivemos que aguentar o Lazaroni e sua conversinha mole. No dia do jogo com a Argentina, eu estava trabalhando no SESC até próximo da hora do jogo. Deu o meu horário e eu corri para casa. Sinceramente, o único sentimento daquela Copa foi de raiva por não honrarem o futebol brasileiro e sua trajetória. Para mim, a seleção brasileira e sua camisa estão no mesmo patamar da bandeira, do brasão e do hino. A identidade brasileira foi lapidada pelas seleções brasileiras, seus fracassos e seus sucessos. Assim como a igreja e os padres, quando um jogador ou técnico não honra esta tradição não misturo a seleção com a falta de compromisso do homem (relação igreja e padre no mesmo nível). Então, ver a forma como a seleção foi tratada em 90 foi muito ruim.

Em dezembro, fomos para Vitória, ES, comemorar nosso primeiro ano de casamento com nossos queridos amigos do SESC (Jorge, Cristina, Hudson). Foi a primeira vez que eu andei de avião. Na praia, comemos uma porção de camarão rosa absolutamente enorme e eu comi abacaxi depois de uns 15 anos.


Foi lá que eu descobri, pela primeira vez, que existia lugar no mundo em que não se comia churrasco com mandioca - teve gente que achou que estávamos de sacanagem.. foi engraçado. O primeiro ano terminou como começou: divertidíssimo.

Paz de Cristo a todos!!!

domingo, 27 de abril de 2014

Casamento, que viagem - uma Morena na nossa vida.

Ontem, 26 de abril, foi aniversário do meu irmão Gilberto. Fomos até Salto, que fica a uns 80 km de Tatuí, para poder abraçar ele, a Denise, os cachorros e o coelho.

Bom, em determinada altura do campeonato, o Beto nos chamou para mostrar alguns vídeos da 9ª Cia de Guardas, onde servimos. Ele como Tenente Médico entre os anos de 1993 e 1997, acho; eu, como soldado raso mesmo, entre jun.86 e mai.87. Rimos bastante e começamos a ver imagens da Cidade Morena, Campo Grande, capital do MATO GROSSO DO SUL - faço questão das maiúsculas. Quem não entendeu, não adianta explicar...rs

Para quem nasceu em ou adotou (caso da Rosana) Campo Grande como sua cidade é sempre nostálgico lembrar, relembrar ou falar sobre esta cidade que cresceu e cresce em ritmo de uma guarânia alucinada. Estamos fora de Campo Grande desde 2001, quando viemos para Salto, em São Paulo. Tínhamos morado na Fundação Bradesco de 93 a 99, ficamos em 2000 em Campo Grande. Assim, estamos a muito tempo fora de nossa cidade do coração. Acompanhar de longe seu progresso é uma satisfação, apesar dos Pedrossian Darth Vader, Zeca do PTifaria ou Bernal, o bossal. Mas vou falar com mais detalhes da Morena que vale a pena perto do 26 de agosto, aniversário da capital.

Quero registrar aqui o problema que é toda a vez que vamos à Campo Grande, encontramos nossos queridos amigos de lá, falamos da cidade ou vemos imagens. A Rosana entra em um estado de tristeza que dá dó... é bem verdade que tem melhorado com o tempo, mas ainda tem um efeito colateral. A verdade é que, por ela, nunca teríamos saído da cidade. Em 1993, quando surgiu a oportunidade da Fundação Bradesco, fomos para lá por conta da casa própria, principalmente. Eram tempos em que pensávamos com a perspectiva de inflação altíssima: comprar algo via financiamento era uma loucura total. Quando voltamos, em 2000, eu já estava convencido que minha carreira tinha que se voltar para a administração esportiva. Tentei, por um ano, buscar opções de trabalho na área e não tive a paciência para esperar. Com a Rosana, tudo certo: estava dando aula em uma escola estadual próxima da casa que tínhamos comprado, estava se readaptando à rotina da cidade. Em 2001, a convenci de vir para São Paulo e saímos de lá para não voltar até agora, pelo menos.

A Rosana é apaixonada pelo MS, por Campo Grande e por tudo que vivemos por lá. Quem sabe um dia não voltamos para andar nas ruas largas e nas praças bem cuidadas, correr nos parques e tomar tereré no por de sol mais bonito do universo, conversando com os amigos, curtindo a vida e olhando o tempo passar devagar? Pode ser que isso aconteça, mas não será agora - eu acho....

Paz de Cristo a todos!

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Beto e Denise

Meu irmão Beto é 8 anos mais velho do que eu. Sempre foi minha referência e sempre será. É casado com a Denise desde 1988.

Estivemos juntos neste domingo (20) em um encontro com nossos queridos amigos de Campo Grande e Tatuí. As histórias são muitas, mas quero destacar um pequeno exemplo de como são importantes para a nossa história.

Quando fomos de Campo Grande para Salto, onde moramos em 2001, o Beto e a Denise nos receberam em sua casa. Ficamos lá por 3 semanas, acho. O primeiro ano em São Paulo foi de um aprendizado incrível. Serviu para que eu entendesse que potencial não é nada sem realização. Também foi um tempo importante para que eu pudesse desenvolver humildade e paciência, duas virtudes de difícil desenvolvimento para mim (até hoje). A Rosana conseguiu trabalhos na área muito rapidamente. Eu, focado em trabalhar com administração do esporte, penei por meses até conseguir me firmar (conto estas histórias com mais detalhes depois).



Nestes tempos difíceis, por muitos meses, meu irmão levava a cesta básica para a gente. Foi de uma ajuda imensa neste aspecto e muitos outros. Mas quero destacar a generosidade da minha cunhada Denise. Ela é pedagoga e tem uma escola. No ano em que estávamos em Salto, abriu uma sala de 1º ano. Desconfio que foi só para que o Hugo pudesse estudar em uma escola melhor. Foi um ano inteiro com uma professora praticamente particular, já que a sala era inciante e tinha 4 alunos, salvo engano. O Ian não queria ir para a escola e achamos importante que ele ficasse em casa.

Deram festa de aniversário para os dois neste ano em que ficamos lá, nos apoiaram e, sem eles, não seria possível termos ficado em São Paulo. Aproveito para agradecer as coisas maravilhosas que fizeram e fazem por nós. São e serão fundamentais para sermos uma família.

Paz de Cristo a todos!!!


Quem tem um amigo, descobriu um tesouro

"Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou descobriu um tesouro. Nada é comparável a um amigo fiel; o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade da sua fé. Um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme ao Senhor achará esse amigo. Quem teme o Senhor terá também uma excelente amizade, pois o seu amigo lhe será semelhante". (Eclo 6,14ss)


Bom, a Bíblia é um guia muito confiável se estivermos abertos a deixar a energia divina fluir por e para nós. Existem tantas passagens inteligentes e atuais que é difícil imaginar que possa ser apenas um artífice para manipular multidões. A passagem acima é um exemplo de sabedoria e boa prática no nosso cotidiano.

Recebemos em nossa casa apenas as pessoas que entendemos serem nossas amigas. Obviamente, podemos ter o prazer de receber quem estamos conhecendo ou amigos de amigos. Mas preparar a mesa, o coração e o ambiente, ah isso é só pra quem a gente ama. Não acho que seja uma máxima para qualquer família, é apenas o nosso jeito de ver a vida.

Pois bem, nesta semana santa recebemos o Adilson, a Leize e o Haroldo, de Campo Grande. A Leize é esposa do Adilson e, apesar de serem casados desde 1999 e de termos nos encontrado uma vez ou outra, pudemos ter o prazer de estreitar esta amizade agora. O Adilson e o Haroldo são amigos de longa data.

Eu conheço o Adilson desde a época do colégio, por volta de 78, acho. Mas ficamos amigos no antigo CNEC, a partir de 1982 quando fomos fazer o 2º científico junto com o preparatório para o vestibular. No início de 1984 entrei na Federal e o Adilson continuou a fazer cursinho, entrando no curso de Educação Física no início de 1986. Em junho do mesmo ano fui para o quartel. Voltei em agosto de 1987. Eu e ele nos formamos no mesmo ano, 1988. Tem muita história nestas idas e vindas. Blitz, voleibol, namoradas, Legião Urbana, carnavais, madrugadas intermináveis de conversas e risadas, esperanças compartilhadas, um jogo Flamengo e Operário em 1983 inesquecível (depois eu conto), reclamações das famílias, brigas, Queen, aniversários, brincadeiras (ou bailes na casa de alguém), Julio Takeshi (um amigo já falecido que formava o trio)... enfim, muita coisa vivida que fundamentou uma relação de confiança e parceria que sempre está intacta (mesmo que fiquemos anos sem nos vermos). No nosso casamento, duas pessoas choraram: meu Tio Almerindo e o Adilson. É uma honra ver os olhos dos meus filhos brilharem ao perceberem uma amizade verdadeira que foi construída com uma honestidade inegociável.






O Haroldo é uma daquelas pessoas que são indispensáveis pro mundo ser um lugar habitável. Eu o conheci na faculdade, mas nos tornamos amigos quando eu, ele e a Rosana fomos trabalhar na Fundação Bradesco, um internato com mil alunos no Pantanal, a partir de 1993. No dia do nascimento do Hugo, estávamos juntos quando a Rosana percebeu que o parto estava próximo. Foi uma pessoa muito importante no primeiro ano de vida do Hugo, quando nos nove primeiros meses ele só chorava. O Haroldo nos apoiou e deu muita força. Quando o Ian nasceu, ele já não trabalhava na Fundação, mas sempre esteve próximo de nós. Fonte inesgotável de palhaçadas, carinho, atenção e uma energia positiva que só Deus pode explicar. Os meninos adoram o Tio Haroldo e seu nome está sempre sendo citado em nossa casa. Às vezes pelas razões erradas....rs

Neste domingo, reunimos estes queridos amigos ao nossos queridos amigos de Tatuí (Danilo, Silmara, Douglas, Lia) e meu irmão Beto e a minha cunhada Denise, além da minha mãe. Foi muito legal ver, em um mesmo espaço e tempo, pessoas de fases diferentes de nossas vidas. Uma oportunidade de agradecer a Deus estas bençãos colocadas em nossas vidas para nos oferecer suporte e conforto, energia e apoio. Nossa família agradece a estes anjos em forma de amigos por todo o apoio oferecido.

Paz de Cristo a todos!

domingo, 6 de abril de 2014

Filhos - reflexões

Pessoal, boa vida para todos. Como não sei que horas são estas em que você está lendo, não me comprometo com um "bom dia" ou "boa tarde" ou "boa noite". Incerto e maravilhoso não-saber o que vai ser é que me motiva a simplesmente ser genérico e específico ao desejar uma boa via (e não vida boa, no mal sentido) a você que está se juntando agora às duas outras pessoas que leem nossas crônicas.

E o "não saber o que vai ser" nos acompanha de maneira definitiva durante nossa jornada na terra. Quando somos adolescentes, achamos que viveremos pra sempre e que nada de mal nos acontecerá. Tem que gente que, depois de adulto, vive como se fosse morrer daqui a dois segundos e que tudo de mal irá acontecer com ela. Fico em outro grupo, o de que realmente viveremos para sempre e que podemos morrer daqui a dois segundos segundo a carne (no meu caso, tem mais carne do que deveria....). O que nos acontece não é mal ou bom, pensando na essência das coisas. As coisas simplesmente são e o significado que tem muda de acordo com o tempo. Normalmente, a maioria das coisas não são tão boas ou ruins assim.

Duas coisas que jamais deixarão de ser boas são os nascimentos do Hugo e do Ian. Hoje (06/04/2014), eles tem 19-quase vinte e 17, respectivamente. O amor que ambos tem por mim e pela Rosana é um fato que sentimos todo dia.

No entanto, vivemos um período de indefinições (carreira, escola, religião, responsabilidades, etc.) em que as idades indicam a natural dificuldade existencial para os filhos e para os pais. A fé que tenho no futuro não é suficiente para que eu não me preocupe pois não quero ser omisso; a preocupação que tenho com o futuro não é suficiente para que eu seja ingrato com DEUS e duvide das maravilhas que Ele reservou aos meninos. No entanto, todos temos momentos em que as dúvidas e reflexões vem com mais força.

Hoje eu olho para ambos e sinto que eu poderia ter sido um melhor exemplo para os dois (a Rosana diz que não concorda...). Faço questão de escrever isto para não deixar dúvida que os textos aqui não são "chapa branca", apenas uma forma de ficar jogando confetes. Espero que sirvam, também, para ajudar aos que os lêem na análise do que fazem como pais, filhos, irmãos, maridos e esposas.

Eu, talvez, tivesse que ter sido um pai um pouco mais "herói", um pouco mais "helênico" (a Rosana está dizendo que não acha...). Sempre tive muito medo de que os meninos crescessem achando que eu era perfeito (continuo com este cuidado sempre, com todos os que me cercam). Acho que isto fez com que eles se sintam sem uma referência forte de futuro, não sinto que querem ser iguais a mim. Por um lado é bom, acho que proporciona mais liberdade e menos ilusões; por outro é ruim porque sem referência, ficamos mais perdidos. Isto é natural neste período da vida e viver isto como pai é um desafio diário de fé em DEUS e nos meninos.

Mas acredito que o que sofremos agora se traduzirá em grandes benefícios no futuro. Pois entendo que poderão olhar para o futuro sem uma sensação de que o mundo é um lugar em que "só os fortes sobrevivem", em que o "number one" é o que interessa. A falta de um "ídolo" hoje vai fazer, tenho fé, que se voltem um dia para o modelo de homem que virão em suas vidas: poderão se sentir confortáveis em perceber que não precisarão ser super-homens.

A paz de Cristo a todos.

domingo, 30 de março de 2014

Corra, Lola, Corra

A Rosana sempre foi uma pessoa fisicamente muito ativa. Nestes 25 anos, não me lembro de ter havido um período em que ela tenha ficado mais de 2 semanas sem fazer uma atividade, principalmente correr. A disciplina e prazer com que ela encara o exercício físico é inspiradora, entre outras características dela. Eu, ao contrário, sempre corri atrás de algo ou corria quando algo estava atrás de mim. Esportes com bola me motivaram muito mais do que outras atividades.

Ver a Rosana viver é um privilégio. Sempre buscando a maior qualidade possível em tudo, sempre se doando com aquele carinho que só quem ama profundamente pode ter. Me ensina todo o dia como não desperdiçar recursos (não é pão dura, não). Usa qualquer coisa até o final (sabonete, sapólio, pasta de dente, etc.) sem jamais se portar com mesquinhez ou avareza. Temos muitos móveis e aparelhos que compramos no início do casamento. A tv que o Seu João ajudou a comprar quando ela foi pra Campo Grande (isso tem 28 anos) está em perfeito estado e funcionando muito bem. O conjunto para feijoada que o meu tio Almerindo nos deu no casamento está inteiro. A nossa amiga Neli nos deu uma mesa de tv que usamos em nosso quarto. Roupas, calçados, tudo o que temos é cuidado à perfeição de forma natural. Em resumo: o princípio da prosperidade. Em todos os lugares em que moramos, a Rosana sempre tratou de deixar os ambientes limpos, organizados, cuidados. Desde os dois cômodos em que moramos no fundo da casa de meus pais em Campo Grande até em nossa casa hoje em Tatuí, nossa família teve a benção de ser cuidada por este ser humano maravilhoso que é minha esposa.

Devo confessar que dei (e dou) muito trabalho neste quesito. Desde o clássico "deixar roupa em cima da cama" até "esquecer de pagar conta", passando por "usar o notebook em cima da mesa sem um pano para não riscar", foram muitas e muitas brigas, chamadas de atenção e conversas sobre organização e conservar o que temos. Ainda me falta aprender muito, ainda desperdiço coisas à toa, deixo de usar as coisas da forma mais produtiva possível, ainda tenho comportamentos pouco positivos. E nossos filhos são sedentários, apesar de não terem (por enquanto) problemas relacionados a isso.

Mas o tempo é nosso aliado quando temos paciência. Nestas férias, resolvemos fazer uma pequena obra nos fundos de casa. Para economizar, resolvi passar selante nas vigas que seriam usadas na obra. Envolvi os meninos e foi muito gostoso fazer algo deste tipo juntos. Este fato me despertou para tomar iniciativas em casa a exemplo do que faço em meu trabalho. Pintei parede, passei verniz nas madeiras, os meninos me ajudaram e aí comecei a fazer algo que a Rosana me pede há anos: atividade física regular. Acredito que cuidar da casa física, a casa propriamente dita, com um olhar mais carinhoso me ajudou a reencontrar o caminho pra cuidar de minha casa espiritual, o corpo. Comecei a pedalar na bicicleta ergométrica e comecei, depois de um mês, a caminhar. Hoje estou correndo junto com ela. Emagreci. Estou mais disposto. Me alimento melhor. Enfim, aconteceu o que falamos para as pessoas quando defendemos a atividade física. Hoje de manhã eu comentei com ela sobre o que expus acima e ela me pediu pra colocar na crônica de hoje.

O "Lola" do título é pra lembrar da primeira e única cachorra que tivemos por um período de 1 semana. A compramos em Piraju e ela para lá voltou, depois do Hugo perceber que cuidar de alguém dá trabalho. Ela está morando com a nossa sobrinha Larissa e está muito feliz. Como boa blue realer (acho que escreve assim) ela corre. Bem mais do que eu, por enquanto.

Paz de Cristo a todos e até semana que vem.

domingo, 23 de março de 2014

Casamento, que viagem - o casamento!

Casamos aos dezesseis dias do mês de dezembro do 1989º ano da graça de Nosso Senhor na Igreja Dom Bosco. Tava muito, mas muito quente. Suamos como não suamos nunca mais... valeu a pena.

Como era final de ano, muitos colegas de trabalho e amigos em geral estavam viajando. Na época, só tinhamos amigos ligados ao trabalho (SESC) ou à Educação Física, então várias pessoas não puderam comparecer. Devia haver umas 30 pessoas na Igreja. Nem eu, nem a Rosana gostávamos de dar festas (continuamos assim). Na verdade, só tivemos festa porque a minha Tia Áurea e o Tio Miro insistiram em oferecer um jantar na casa deles. Sempre seremos gratos pelas várias manifestações de carinho e atenção que recebemos deles.

O Ederson pegou a Rosana no salão e ficou dando voltas com ela (com o vidro aberto pra despentear a noiva, é lógico) pois o padre estava atrasado. Fiquei no altar vendo o Gilberto (nosso professor de vôlei da UFMS, uma figura absolutamente vital para a minha vida profissional e um querido amigo) gesticulando que a Rosana tinha ido embora. Foi muito engraçado - pelo menos agora eu acho...

Nossa dama de honra foi a Renata, nossa prima e filha do Tio Almerindo e Tia Nair. O padre chegou a tempo e casamos com as bençãos de Deus.

As duas famílias sempre foram muito simples e, à época, não sabíamos como celebrar nossas conquistas (estamos aprendendo isso a cada dia). É um jeito elegante de dizer que éramos caipiras (continuamos assim). Nossa festa de casamento não foi um evento estrondoso mas guardamos boas lembranças. O fotógrafo (que eu não me lembro quem contratou), em um determinado momento falou pra alguém: "TIRA A VELHA DA FRENTE!". A "velha" em questão era a minha mãe (agora, a Rosana tem a idade que a minha mãe tinha quando casamos) e, lógico, ela não gostou nem um pouco. Mas foi muito engraçado (no dia foi e hoje continua sendo). Outro fato engraçado: a samanbaia da minha tia, em uma clássica panela amassada, saiu mais vezes no álbum de casamento que a maioria de nós.

Nós e a samanbaia.

A simplicidade com que casamos ficou como uma marca para nós. Eu achava, e continuo achando, que festão é pra quem sabe dar e, principalmente, para comemorar realizações. Casar, em si, não é uma conquista: é um começo. Sem recriminar quem dá festas grandes nestas ocasiões (pois é característica de cada um) entendo que o foco deve ser construir uma história e iniciar uma vida. Quem, como nós à época, não tem recursos para dar festa, deve ficar tranquilo: a festa que acontece no Céu já vale a pena!

Paz de Cristo a todos!


domingo, 16 de março de 2014

Casamento, que viagem - Ederson, Jorge e Cristina

Se fossemos plantas, acho que a família seria a terra e os amigos o suporte que nos ajuda a crescer e nos fortalecer. Os irmãos e primos são mais que amigos - curiosamente, não os escolhemos mas é praticamente impossível não ama-los - é uma ligação indestrutível. O que fazemos com esta ligação é que é uma escolha. Bom, voltemos aos amigos.

Amigos são uma escolha. Os três que cito no título estavam conosco quando nos conhecemos e são fundamentais em nossa história. Obviamente, três professores de educação física (ô, raça....rs). Trabalhamos juntos no SESC em Campo Grande. Ederson Oliveira, Cristina Ramos da Silva e Jorge Henrique  Franco Godoy. Até hoje é divertido falar o nome inteiro das pessoas da equipe, a Rosana sabe o de todos.

O Ederson se formou no mesmo ano que eu. Entrou na faculdade junto com dois irmãos meus, o Adilson Tebaldi e o Haroldo Dittmar. Tínhamos uma relação amistosa na faculdade mas não éramos próximos. Quando entramos no SESC (na mesma data. E saímos na mesma data também, por coincidência), ficamos próximos e nasceu um carinho que nunca acabou. Foi ele que levou a Rosana para a igreja no dia do nosso casamento e esteve conosco em muitos momentos memoráveis (depois conto). O Ederson é paranaense e LÓGICO que o Paraná nunca saiu dele: o sotaque e a presunção (às vezes justificada, às vezes não) sempre nos fizeram rir bastante. Não tenho dúvidas que este perfil também se deve ao basquete, seu esporte de origem (o esporte mais difícil de jogar e apitar, na minha opinião). Ogro e parceiro, é uma pessoa que temos um carinho eterno pois é isto que a amizade é: uma ligação que, por escolha, mantemos. Nos encontramos recentemente, infelizmente na missa de 7º dia da filha dele, após anos sem nos vermos. Mas o olhar e o abraço eliminam qualquer distância que o tempo e o espaço possam ter colocado. Um amigo para sempre.

Zezé, sobrinha dela (Larissa, que inspirou o nome da nossa Larissa, filha da Rose, irmã da Rosana), Rosana, Edson e Ederson - éramos magros e sabíamos.

A Cristina trabalhava com a Rosana quando eu entrei no SESC e elas eram amigas. Ela tinha vindo de Andradina-SP e, como a Rosana, era uma "forasteira". Foi uma pessoa que nos marcou pela sua personalidade forte. Sempre foi muito divertido nossas discussões porque eu nunca fui fácil de convencer e ela também não era. A Rosana, normalmente, ficava do lado dela...rs. Fizemos algumas festas muito divertidas e rimos bastante. Ela está em Marília, atualmente, e fez enfermagem. Dá aulas na universidade lá e foi professora da Larissa, nossa sobrinha. A encontramos há uns 4 anos.

O Jorge era casado "de novo", como se dizia. Esse "de novo" não era no sentido de "novamente", mas de "recentemente". À época, como casal, não tivemos maturidade de ajudá-los. Até hoje, penso que podíamos ter dado um apoio ao casal, que acabou se separando muito rapidamente. Obviamente, a separação poderia ser inevitável, mas ter pessoas ao lado para passar por este momento com mais tranquilidade faz diferença. Não fomos o que poderíamos ter sido. Tiveram um filho, o Iuri. O Jorge era um amigo muito querido e sempre nos reuníamos para uma cerveja e churrasco. Tínhamos uma sintonia muito legal e foi a primeira pessoa no meio profissional que me deu lições como defender pontos de vista diferentes, discutir e não levar para o lado pessoal. Veio do judô e hoje é advogado em Cuiabá. De vez em quando nos falamos. Aí, a proximidade volta e vemos que a amizade verdadeira é atemporal.

Nossa história, como qualquer outra, é pontuada por vitórias e derrotas (e esta avaliação muda com o tempo - o que é vitória e o que é derrota). Temos uma gratidão enorme por estes três queridos amigos. Esperamos que eles saibam e sintam isso nos momentos em que nos encontramos e ou nos falamos.

As fotos com a Cristina e Jorge vão ser postadas na semana que vem (não deu pra fazer o upload).

Paz de Cristo a todos e até a próxima.

domingo, 9 de março de 2014

Casamento, que viagem - sistema 1 e sistema 2

Boa tarde!

Estou lendo um livro chamado "Rápido e Devagar", de Daniel Khoneman. Ainda estou no início, mas ele desenvolve uma ideia a qual não pude resistir: o cérebro funciona como dois personagens. O sistema 1, rápido, é o personagem que representa nosso lado voltado para as emoções e reações instintivas; o sistema 2 é o personagem que representa nosso lado cognitivo, voltado para os pensamentos mais elaborados. O primeiro é rápido; o segundo, lento. Até onde pude perceber, o autor defende que nós achamos que nosso lado racional (o sistema 2) está no comando: grande erro! Agimos, na maioria das vezes, com o sistema 1 comandando de forma velada e manipuladora (tal qual a Artemísia do filme "300 - a ascensão do império" que assistimos ontem - aliás, bem fraquinho). O que isso tem a ver com o casamento?

Bom, eu acho que quando reconhecemos que a "empresa" casamento é uma sociedade com participação igualitária dos dois sócios, também devemos reconhecer que o comando deve ser partilhado e a liderança, situacional. Às vezes, um lidera; às vezes, outro. A arte é desenvolver este balé cotidiano ao ponto de que não haja traumas na mudança da liderança. Ambos devem se revestir da humildade necessária para se deixar levar, muito embora mantendo a autonomia para avaliar e se posicionar quando houver impasse.

Aqui, cito outro livro bem bacana, "Foco", de Daniel Goleman. Este eu já terminei de ler e afirmo, a partir do que o autor desenvolve, que o sucesso do casamento é uma questão, antes de tudo, de propósito e foco compartilhado. Saber onde queremos chegar e manter individualmente o foco é um exercício muito intenso e que leva  uma vida inteira. Que dirá em dupla?

Por isso, acredito que o casal deve entender que, tal qual o cérebro funciona, o casamento deve ser uma orquestra em que há momentos em que um conduz, em outros o parceiro deve fazê-lo. Nunca um apenas lidera, ou ninguém lidera.

Eis o desafio.

Paz de Cristo a todos!

domingo, 2 de março de 2014

Eu te conheço de outros carnavais....

Estamos em pleno carnaval, que bacana.

Para nós é um período de ficar juntinho com quem a gente ama, aquele ponto em que o carrinho da montanha russa quaaaaase para antes de começar a sua descida vertiginosa.... mas nem sempre foi assim.

Para a Rosana, houve um tempo em que o Carnaval era escrito com letra maiúscula mesmo, o período mais importante do ano. Ela trabalhava o ano inteiro, não comprava surdo nem tamborim e nem dormia em retalhos de cetim, mas ia da sexta até o sábado de aleluia "pulando que nem pipoca". Ia para o Sete ou Iate para dançar das 22h00 até a hora em que a banda parasse de tocar. E chorava quando a última marchinha tocava no "enterro dos ossos". Conseguia uma roupa para cada dia de Carnaval e, segundo ela, não perdia tempo namorando.

Quando nos conhecemos, ela já não tinha esse apego ao reinado de Momo. E meu sogro agradecia, pois sofria cada minuto em que a sua caçula ia para os salões em Piraju.

Já eu fui um carnavalesco abaixo da média: fui algumas vezes no Surian e na União dos Sargentos, mas não me divertia muito. Como a maioria dos foliões (vale a pena ver a crônica do Gregório Duvivier na Folha de hoje - 02/03) eu ia cheio de más intenções e voltava com as mãos abanando.... e elas abanavam bastante.

Eu ia escrever mais (como saímos em Tatuí no Bloco da 3ª Idade junto com a Silmara, o Danilo, o Presidente, o Vicente, a Cida e outras passagens), mas a Rosana tá me chamando pra gente ir à Boituva.

Bom Carnaval pra todos, Paz de Cristo e até a próxima!!!

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Casamento, que viagem - noivado

Começamos a namorar em março de 89 e noivamos em outubro do mesmo ano. Quero compartilhar como isto aconteceu.

Em outubro, no MS, o feriado de Nossa Senhora (12) emenda com o da divisão do estado (10). Em uma noite de setembro (acho), no SESC, estávamos eu, a Rosana e o Álvaro nos encontramos na escada que saía da lanchonete e ia pra quadra. Aproveitei e perguntei pro Álvaro, na frente dela e sem combinar nada, se ele aceitava ser padrinho de casamento. Foi bacana ver a reação dela...

Tempos depois, a Rosana me disse que contou que teve a seguinte conversa com o Álvaro:

Rosana: Álvaro, será que eu estou fazendo a coisa certa em escolher o Edson?
Álvaro: Baixinha, você não aposta nele? Eu aposto...

Sempre fui grato ao Álvaro por isso e por me inspirar em trabalhar com a gestão de equipes de profissionais de educação física. E ainda não perguntei pra ele porque não foi ao nosso casamento....

Bom, a partir do pedido de casamento aceito, precisávamos ir à Piraju, em São Paulo, pra que eu conhecesse a família da Rosana. Escolhemos o feriado pra que eu a pedisse em noivado. Fomos pra lá de ônibus. Primeiro, de Campo Grande à Ourinhos, depois de Ourinhos à Piraju. Lembro como se fosse hoje a chegada do ônibus, a visão da cidade, a Rosana me explicando que o nome significa "peixe amarelo" e, por isso, a cidade tinha o desenho de um peixe (à noite, dava pra ver. Hoje em dia, acho que não dá mais).

Conheci o Seu João Simões. Quando a Rosana falava dele, eu pensava "Que exagero, ninguém é tão bom assim. Esse deve ser daqueles que jogam pra torcida..". Como tantas vezes na minha vida, vi que fui preconceituoso e apressado no julgamento. Ao conhecer o Seu João e conviver com ele (até 98, ano de sua morte, assim como a do meu João, o Lourenço), pude perceber que toda a admiração e amor que a Rosana dedicava a ele era merecida e justa. Nunca conheci alguém com tanta dedicação à família (e todo extremo acaba gerando erros de passividade, diga-se de passagem). O nosso reconhecimento é tanto que, em nossa casa, o jeito de determinar se um de nós está dizendo a verdade ou não é "Jura pelo pai da mãe?".

Conheci Dnª Santa, minha sogra. Ela não gostou de mim desde a primeira vez que me viu e acho que ela não estava errada. Sempre me respeitou, mas adorava mostrar quem mandava. Certamente, vou contar passagens nossas que mostraram que nunca chegamos a um consenso de quem era mais chucro... apesar de eu nunca ter discutido com ela. Após meu pedido de noivado, ela me perguntou se eu tinha certeza se queria casar, já que a Rosana é mais velha que eu 2,5 anos. Depois de ouvir a afirmativa, virou pra ela e disse: "Se ele não quiser mais você, pode vir pra cá que a gente te acolhe". Não me senti mal, não. Sempre achei que ela fez o papel de mãe de forma exemplar. E, apesar do temperamento rude e mandão, foi uma mãe que deu o melhor suporte que podia aos filhos.

Conheci a Rose e o Carlão, cunhada e concunhado. Demorou pra que eu fosse aceito, pois só o tempo dá a oportunidade pra que a gente amadureça e desfrute as possibilidades que o outro nos traz. Cada vez mais, nos tornamos parceiros no dia a dia da vida.

Conheci a Larissa e o Bruno. Eram duas criancinhas, acho que de 3 e 1,5 anos, respectivamente. Hoje com 28 e 26 anos (acho), casados. Foram as duas pessoas, na família, que me reconheceram como alguém da família nos primeiros anos. Me prepararam para ser pai e, hoje, sinto que me reconhecem. Ficamos emocionalmente afastados por uns tempos, mas hoje (e faz um bom tempo) somos próximos como tios e sobrinhos devem ser.

Seu João e Dnª Santa, Zezé e Amadeu, Rose, Carlão e Larissa, Dnª Yolanda e Seu (esqueci o nome)*


A partir do noivado, pude saber onde estava "me metendo". Ninguém fez de conta que gostou de um garoto de 22 anos, imaturo, meio irresponsável e diferente de tudo o que eles conheciam (estavam absolutamente certos) "tomar o lugar" de um "homem católico, concursado na Caixa (e não Banco do Brasil) e com assunto". Assim como, com o passar do tempo, fomos nos entendendo e chegando a uma convivência que foi se tornando de tolerante a respeitosa, chegando a uma parceria, quem sabe. Assim é nossa caminhada na terra.

Paz de Cristo a todos!!!


*Seu Francisco! Desculpe....

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Casamento, que viagem - dois pés no meu caminho...

Como já contei, vi a Rosana pela primeira vez em uma foto da equipe técnica do SESC. Ali, comecei a me apaixonar.

Não me lembro da primeira vez que eu a vi em pessoa, exatamente. O ambiente de trabalho era, no mínimo, divertido e movimentado. Fazíamos parte de uma equipe de profissionais de educação física que trabalhava no Centro de Atividades Camilo Boni, na Av. Afonso Pena, em Campo Grande. O Alvaro era o Coordenador; os professores eram: Rosana, Cristina, Nara Jane, Wilson, Hudson, Edson, Ederson, Jorge, Sheila (Rosana acabou de me lembrar: era Shirlei!). O Gledson era guarda vidas (e meio que apaixonado pela Rosana). A Zezé era a secretária. Isso era fevereiro de 1989.

A sala em que trabalhávamos começou a ser reformada e passamos para uma sala no andar de cima do prédio. Um dia, entre final de fevereiro e início de março, eu subi as escadas para fazer algo; quase entrando na sala, pude ver os dois pezinhos da Rosana, um em cima do outro, amassando o tênis... fiquei olhando um pouco, achei os dois muito bonitos, sei lá. Entrei na sala e fiz o que faço de melhor: falei exatamente o que eu estava pensando: "Olha, você tem os pés muito bonitos; aliás, as pernas também. Parabéns". O olhar de indiferença que recebi foi meio que um balde de água fria, que não esfriou muita coisa. Eu, que não me interessava nem por meninas que tinham paqueras, resolvi que ia tentar namorar uma que estava quase noivando pra casar (ela namorava há uns 3 anos uma figura que havia passado no concurso do Banco do Brasil - na época, era tirar a sorte grande). Não conseguia pensar em nada que não fosse conseguir dar um beijo nela....

Rosana pré-eu

Aí, fui percebendo que o namoro não era assim uma Brastemp. Fui sacando que ela não estava feliz, já vivia uma relação meio burocrática. Obviamente, quando tive a oportunidade, emprestei o Passat azul-marinho do meu irmão Beto pra dar carona em uma noite que saíamos juntos às 21h00. Quero esclarecer que não me orgulho de ter cantado uma mulher comprometida, mas era a MINHA mulher - era o que eu já sentia. Dirigi até a casa dela (morava em uma república com três amigas: Elizete, Aiko e Maura - estas duas são amigas pirajuenses da Rosana que permanecem até hoje). Conversamos por umas duas horas até que eu olhei bem pra ela e perguntei: posso te dar um beijo? Ela disse que sim, sorrindo pra mim com os olhos brilhando... bom, estávamos na segunda quinzena de março/89. Até hoje eu vejo aquele brilho, aquele sorriso, aquela luz. Entrei em um túnel de vento, amor, TPM, aprendizado, sexo, carinho, religião, filhos, diferenças.... e quando eu sair, do outro lado, quero ter a mesma sensação que tenho agora: que delícia de loucura é esse amor! E os pezinhos dela me deram a rasteira derradeira da qual nunca quero me levantar...

A Paz de Cristo a todos. Até a próxima.


domingo, 9 de fevereiro de 2014

Aos amigos - Parte 1

Ontem à noite, ouvindo a Rita Lee naquela versão da música dos Beatles (Minha Vida) e agora, ouvindo Oswaldo Montenegro (A Lista), decidi começar a escrever sobre nossos amigos. Não estaríamos aqui se não fossem por eles, sem dúvida nenhuma. Em alguns momentos decisivos, estes amigos formaram um tipo de suporte onde o nosso casamento pode se apoiar para crescer ou foram especialmente importantes em nossa formação como pessoas. Tanto eu quanto a Rosana temos um amor profundo por muitas pessoas que pouco ou nunca conviveram com o casal.
Dias desses a minha irmã Gilda me mandou a foto do Júlio Tokeshi, o japonês mais doido que tive o prazer de conviver. Conheci o Júlio no Centro Educacional em torno de 75 (acho), estudamos juntos mas não ficamos muito próximos. Ele foi meu pai numa peça na 7ª série mas não nos falávamos muito. Mas em 82 e 83 estudamos no CNEC (2º e 3º anos do 2º grau). Daí, junto com o Adilson e o Luis, formamos um grupo de amigos que me ajudou a amadurecer e viver a atmosfera da adolescência. Não fizemos nada de especial além de viver este tempo tão maravilhosamente bonito e confuso (o que não é pouco). O Júlio dirigia uma Caravan branca linda, às vezes uma Rural muito engraçada (bom, eu achava o carro engraçado com o japonês dentro)... a partir de 84, nós nos vimos com pouca frequência. Aí, deve fazer uns 15 anos, o Júlio me deixou uma lição muito importante: como a morte de um amigo, mesmo daquele que não vimos a tempos, toca fundo no coração, nos lembrando de como as pessoas são importantes e de como devemos aproveitar bem o tempo (muito pequeno) que temos juntos uns dos outros. O coração dele parou e ele foi na frente para um lugar onde todos iremos. Ver a foto do Júlio como eu me lembrava dele foi muito bacana.
Adilson, eu, Luis e o Corcel II do seu Edson, pai do Adilson.

O tempo vai passando e as pessoas vão passando umas pelas outras. E nesse movimento contínuo, acho que a grande diferença entre os laços com nosso núcleo familiar e os laços que criamos com os amigos é a escolha. Podemos escolher ser amigos de nossos filhos, esposa, primos, irmãos, mas nunca vamos poder apagar o laço de parentesco. Um irmão será irmão para sempre, mesmo não havendo a identificação e proximidade. Mas ter um amigo é um processo consciente, uma escolha pessoal e intransferível. A manutenção desta relação, de forma interna (lembrando dos motivos pelos quais elegemos uma pessoa como amigo) ou externa (o contato com esta pessoa, seja físico ou à distância) é uma rotina necessária. O facebook facilitou muito este processo mas temos que ter atenção para não banalizar ou artificializar (acho que esta palavra não existia até agora...) as relações.
Em nossa caminhada como indivíduos e casal, conhecemos pessoas que compartilharam/compartilham conosco sonhos e realizações, experiências e aprendizados, alegrias e tristezas, conquistas e dificuldades. O cotidiano, como uma maré interminável, nos aproxima ou afasta das pessoas com as quais temos laços que não se dissolvem, nem com a distância, nem com a morte, nem com o tempo. A vocês, nossos amigos, um MUITO OBRIGADO pelo amor a nós dedicado, pelo carinho do abraço, do olhar, do incentivo, da parceria. Prometo tentar ser mais claro no dia a dia sobre esta gratidão e carinho. Talvez o Júlio não tenha percebido o quanto foi importante para mim. Mas acho que, agora, ele sabe.

Minha Vida - Rita Lee

Tem lugares que me lembram minha vida, por onde andei. As histórias, os caminhos, o destino que eu mudei
Cenas do meu filme em branco e preto, que o vento levou e o tempo traz. Entre todos os amores e amigos, de você me lembro mais 

Tem pessoas que a gente não esquece, nem se esquecer. O primeiro namorado, uma estrela da TV. Personagens do meu livro de memórias que um dia rasguei do meu cartaz. Entre todas as novelas e romances, de você me lembro mais

Desenhos que a vida vai fazendo, desbotam alguns, uns ficam iguais. Entre corações que tenho tatuados, de você me lembro mais. De você, não esqueço jamais.

A Paz de Cristo a todos. Até a próxima.