sábado, 6 de setembro de 2014

1993 - indo para a FB

Depois que conheci a Fundação Bradesco - Escola de Bodoquena na apresentação do Arte Boa Nova, fiquei com a percepção de que seria interessante experimentar uma vivência como essa. Na época, comprar uma casa era um sonho muito distante. Tínhamos olhado várias opções; quase compramos um apartamento que estava sendo tomado pela Caixa Econômica Federal (procurávamos bastante imóveis deste tipo, onde o comprador não conseguia pagar as prestações e a CEF disponibiliza a valores mais acessíveis). Financiamento imobiliário era uma aventura muito perigosa pois ainda nem havíamos saído dom processo de hiperinflação. Comprar qualquer coisa financiada era uma ideia muito estranha: eu e a Rosana crescemos em um mundo onde as coisas tinham um valor de manhã e à noite estavam mais caras (literalmente). Overnight, gatilho salarial, hiperinflação, maquina de remarcar preços... tudo isso desestimulava pensar em comprar algo a longo prazo. 

Assim, a compra da casa própria foi o motivo pelo qual a Rosana topou sair de Campo Grande. Até havíamos comprado uma casa na saída de São Paulo (até hoje é longe), mas não mudamos pra lá. Acabamos vendendo pouco tempo depois de comprar pois a Rosana não quis mudar para longe do centro. Hoje vejo como ela estava certa.

Recebemos o convite para levar o currículo para a Fundação. Haviam três vagas de professor de Educação Física. Á época, estava saindo um casal de professores (acho que era Luis - o nome da esposa eu não lembro) e tinha sido criada uma vaga pois eram mil alunos e muitas atividades a serem desenvolvidas, incluindo fim de semana. Fomos levar o currículo em fevereiro ou março. Entramos no brasília bege que tínhamos e pegamos a estrada. 250km de muito mato e poucas cidades (Terenos, Aquidauana, Miranda, FB). O nosso querido amigo Jorge Henrique Franco Godoy foi conosco. Fomos conhecer a escola, falamos com a Diretora, fomos sair e... que chuva! Fui manobrar o fusquinha e a as rodas traseiras cairam em uma vala na frente da escola. Não sei exatamente de onde, saíram uns 15 homens de vermelho, na chuva torrencial, e ergueram o fusquinha da vala (que estava cheia d'agua)... esses 15 "homens" eram alguns dos alunos da escola, um povo maravilhoso e que em pouco tempo faria parte da nossa vida para sempre...

Uma vaga estaria disponível a partir de junho. O Jorge acabou não indo; eu trabalhava em escola particular e era um risco abrir mão de uma vez; a Rosana era concursada no estado e poderia se afastar durante alguns meses. Assim, ela foi para a FB antes que eu. Desse jeito, podíamos entender o que era aquele lugar, suas oportunidades e ameaças, se valeria a pena irmos.

A Rosana, para variar, encarou com muita coragem mais este desafio que a vida apresentava. Anos antes, havia encarado uma viagem muito arriscada, que era sair de Piraju e ir morar sozinha em Campo Grande, apenas com uma amiga e sem conhecer ninguém. Então, ela não teve problemas de se aventurar mais uma vez, mesmo que com um nó na garganta já que ela AMA Campo Grande (quantas vezes eu não ouço esta frase????rs). Ficou na casa da Dnª Eli, Diretora da escola, e mãe de 3 filhos - não lembro o nome de um (jogava futebol na época e estava morando fora), do Jean (amigo da UFMS que morava em Campo Grande e hoje está em Fortaleza) e do Chico (acho que hoje é advogado e é da PF), que morava com ela e é uma criatura maravilhosa, uma pessoa fantástica e que temos um carinho muito grande (e quem segura o basset, Chico?).

Uma passagem ficou marcante: na primeira sexta em que a Rosana estava na FB, fui visitá-la. Era festa junina no Arlindo Lima, escola municipal em que eu trabalhava. Esta escola fica na esquina do Centro Educacional, onde eu estudei da 2ª a 7º série. Para mim, era legal trabalhar em uma escola que eu via desde pequeno. Neste dia, fazia frio. Entrei na brasília e táca-le pau. Fui ouvindo as fitas cassete que eu tinha no carro e curtindo dirigir à noite para encontrar meu amor.... quantas vezes eu não faria isso depois? Deixei as abertura para ventilação abertas e uma delas estava bem na direção do meu joelho esquerdo. Foram quase 3,5 horas de viagem. Quando eu cheguei, quase não consegui dormir por conta da dor que eu sentia. Mas estava feliz de ver que a Rosana não ficou muito em pânico... só um pouco....rs

Em julho, saí dos empregos que tinha e fui para o Pantanal Sulmatogrossense passar os próximos 6 anos e meio da nossa vida que nunca mais seria a mesma. 

Paz de Cristo a todos!!!

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