domingo, 25 de maio de 2014

Frio é tempo de ser feliz?

Hoje foi um domingo de frio e chuva, uma delícia. Eu gosto muito deste tempinho friorento, do calor debaixo da coberta, da comida fumegando, do céu, da chuva... muito aconchegante.

Lógico que é um clima que judia de quem está desamparado. O calor é mais democrático, menos "elitista". Um tipo de problema que deve ser resolvido pela nossa atuação na sociedade, no dia a dia, na nossa profissão e atuação nos diversos círculos em que transitamos. Mas o foco aqui é nos momentos que cada clima e situação podem nos ofertar para viver a vida de forma mais proveitosa, fazendo jus às bençãos que nos é dada por Deus.

A minha irmã Gilda está em nossa casa hoje. Pra variar, fez comidas maravilhosas. Ontem, pão italiano com recheios diversos (calabresa com e sem cebola por causa do Ian, mussarela, presunto). Hoje, uma feijoada daquelas. Em torno da mesa, foi um almoço como tantos outros em nossa vida. Delicioso.

Aí, penso o seguinte: quantos almoços na vida acabamos não desfrutando? Quantas oportunidades que nos são oferecidas pela vida para estar junto com pessoas que amamos e que deixamos passar por ... nada? No cotidiano, encontramos com pessoas de quem gostamos e não aproveitamos nem um segundo. Mergulhamos nas nossas pretensas "grandes questões" e deixamos passar estes momentos como se fossem nada. Que grande besteira! 


O frio, o calor, o vento, a chuva, o entardecer, o amanhecer, o meio-dia, a madrugada.... todo clima é gostoso e toda hora é propícia quando nosso coração está aberto ao amor e ao encontro. Ser assim todo o tempo é um desafio, assim como ser feliz é desafiador pois coloca a responsabilidade sobre nossa condição exatamente onde ela nunca saiu e nunca sairá: de nós mesmos. O que acontece à nossa volta nos influencia e é influenciado por nós, mas não pode nos dominar por completo. Washington Olivetto tem um frase interessante: "A vida não é um jogo de futebol, onde você tem alguns grandes momentos decisivos (os gols); a vida é como o basquete, onde você vai marcando pontos a cada momento...". Acrescento: é no dia a dia que a gente se prepara para os grandes momentos; e muitos grandes momentos são, na verdade, alguns daqueles "pequenos e corriqueiros" momentos para os quais temos que estar atentos.

Paz de Cristo a todos!

domingo, 18 de maio de 2014

Churrasco se come com mandioca, lógico!

Churrasco se come com mandioca.

Esta verdade absoluta em alguns lugares, incluindo o Mato Grosso do Sul, é alimentada em nossa casa. Nos churrascos que fazemos, a mandioca cozida é obrigatória. O contraste do seu sabor e textura com o da carne temperada apenas com sal grosso é marcante e absolutamente perfeito. A gordura é um problema por ser deliciosa e perigosa: mas que sabor perfeito....

Em minha família, nunca fomos de fazer churrascos. Acho que na família da Rosana também não eram uma tradição. Por isso, principalmente, não desenvolvi esta habilidade. Não me lembro de fazer um churrasco até 1993 quando, morando na Fundação Bradesco - Pantanal, tentei fazer o primeiro. Foi um desastre gastronômico de proporções épicas assim como todos os demais até 2009... uma prova de que a insistência e falta de vergonha acabam levando a superação de nossos limites.

Quando fiz o primeiro churrasco, acabamos contando com a ajuda do Juarez, inspetor na Fundação, que assumiu os espetos quando viu que daquele mato não ia sair coelho, picanha ou alcatra.


Com o tempo, fui me arriscando a fazer churrasco e obrigando minha família a se arriscar a comer. Salgando, queimando, derrubando, saindo pra comprar bebida ou carvão que faltaram, uma farra que sempre fez a Rosana ficar muito brava (que falta de organização....). Sempre fiquei espantado com os churrascos que eu comia onde a carne era tenra e temperada no ponto correto. Honestamente, ainda não sei cortar a carne corretamente (na direção da fibra, conforme meu irmão sempre fala), mas aprendi que com carne de boa qualidade não tem erro se você não exagerar no sal grosso e deixar no calor adequado durante o tempo certo, sucesso garantido. Acho que o protocolo que envolve fazer um churras é importante: como você prepara os utensílios, as carnes, sal grosso, como acende o fogo, organiza as carnes, linguiça, legumes, pão de alho e queijos para ir servindo o povo.

 Denise, Rosana e a churrasqueira ao fundo
 Mãe, Beto, Gilda e Edson
Hugo, Gilda e Ian

As fotos acima foram tiradas hoje, 18/05/14. Um churrasco em família para matar as saudades da Tia Gigi que está morando em Campo Grande. Uma delícia!

Uma mandioca cozida bem macia junto com uma carne no ponto preferido e com a quantidade de sal grosso certa leva a gente de volta pra casa em que crescemos, dá sabor pra saudade e ajuda a marcar um tempo gostoso e de felicidade

Nada contra o pão, a salada, a maionese (todos muito bem vindos e bem mordidos também): mas churrasco se come com mandioca assim como a vida se vive com gente que a gente ama.

Paz de Cristo a todos.

sábado, 10 de maio de 2014

MÃE é MÃE

Domingo é dia das mães. Que boa lembrança essa.

Eu via a Rosana se tornar mãe ou MÃE, como é mais correto descrever esta forma intuitiva, premonitória, exagerada e absurdamente plena de se relacionar com outro ser humano. Ver este processo é um privilégio. Se as mulheres já tem um 6º sentido, quando se tornam mães devem produzir mais uns 12 sentidos, tal é a maneira com que pressentem, sentem e vivenciam essa missão. A Rosana é a melhor MÃE do universo, assim como são a Dona Iraci (a minha), Tia Áurea, Dona Santa (minha sogra), Gilda, Claudia (MÃE de aço), Rose (minha cunhada), Silmara, Lia e todas as mães do mundo. É assim mesmo: cada mãe que aceita ser MÃE é a melhor do universo porque não há comparativo entre uma MÃE e outra MÃE, nem mesmo um comparativo entre a relação de dois filhos com a sua MÃE.

Rosana não dormiu durante 9 meses seguidos quando o Hugo nasceu; Rosana foi uma malabarista do amor quando o Ian nasceu, pois éramos (e continuamos a ser) 3 homens berrando por um pouco de atenção. Quanta proteção e força, quanto "prestar atenção no outro". Quem cortava as minhas unhas antes de eu conhecer a Rosana? Não tenho ideia. Ela sempre me pergunta isso. Ela corta as unhas do Hugo e do Ian. Cortava as unhas do meu pai, também.

Se há alguma forma de imaginar ou sentir como Nossa Senhora se relacionou com o menino Jesus, é só olhar para uma MÃE - e não uma mãe - cuidar do seu filho. Os meus tem o maior, mais terno, mais abrangente, mais puro e dedicado amor que uma MÃE poderia oferecer aos seus filhos.

Dona Iraci foi e é a mulher que mais amo no mundo. Na minha infância, fomos tão próximos quanto um filho e uma MÃE podem ser. Contudo, somos todos caminhantes no aprendizado da vida e não somos tão próximos quanto eu sonhei que seríamos (apesar de morarmos juntos). Coisas da vida e uma reconstrução lenta, gradual e progressiva no cotidiano em que estamos inseridos.

Dona Santa foi uma MÃE corajosa e forte. Com uma personalidade extremamente forte, comandou a família com mão de ferro e gestos de amor que marcaram todos ao seu redor. Uma mulher que nasceu em condições duras e que dura foi com as condições em que nasceu. Se tivesse estudado, teria sido Governadora do estado, no mínimo....

A Cláudia é minha prima, filha do Tio Miro e da Tia Áurea, irmão do Mi e do Roberto. Ela personifica, pra mim, a força da mulher que olha pro destino e segue em frente na busca da felicidade. Três filhos no Céu e uma aqui na terra, reconstruiu sua vida após uma tragédia que abateria qualquer homem e muitas mulheres. Um exemplo e a quem dedico especialmente esta crônica.

Paz de Cristo a todos.

domingo, 4 de maio de 2014

Casamento, que viagem! - Ano 1

Nos casamos em dezembro de 1989. 1990, portanto, foi o ano 1 dessa caminhada.

Nos casamos muito apaixonados e vivíamos uma lua de mel diária. Fomos morar na casa de meus pais. Primeiro, no meu quarto enquanto o meu irmão e minha cunhada terminavam de preparar o apartamento (foram morar na Rua Palomar, na Vila Alba), depois fomos para os dois cômodos no fundo de casa. Nestes dois quartos funcionou, de 1973 a 1987, nossa fábrica de ataduras gessadas. Nos deu muito dinheiro, já que apenas nós fazíamos este material no estado: pena que bom senso e  sabedoria só se ganha com o tempo. Em casa, não tínhamos ideia que ganhávamos muito dinheiro; provavelmente, se soubéssemos seríamos muito piores do que somos. De qualquer forma, quando eu e Rosana nos conhecemos já não havia fábrica de ataduras e nem dinheiro sobrando...rs

Na época, ter casa própria era um sonho muito, muito, muito distante. Financiamento de casa era uma aventura perigosíssima, economia maluca, inflação absurda e escolhemos juntar as forças para vivermos nossos sonhos, incluindo a casa (conquistada alguns anos depois). Mas não dava para comprar casa e depois casar. No primeiro ano, os dois trabalhavam no SESC. Além disso, eu assumi um concurso no estado, que foi um desastre: não consegui ficar 6 meses na escola (não me lembro do nome, era para  lado da Coca-Cola, saída para São Paulo).

Em 90, tivemos que aguentar o Lazaroni e sua conversinha mole. No dia do jogo com a Argentina, eu estava trabalhando no SESC até próximo da hora do jogo. Deu o meu horário e eu corri para casa. Sinceramente, o único sentimento daquela Copa foi de raiva por não honrarem o futebol brasileiro e sua trajetória. Para mim, a seleção brasileira e sua camisa estão no mesmo patamar da bandeira, do brasão e do hino. A identidade brasileira foi lapidada pelas seleções brasileiras, seus fracassos e seus sucessos. Assim como a igreja e os padres, quando um jogador ou técnico não honra esta tradição não misturo a seleção com a falta de compromisso do homem (relação igreja e padre no mesmo nível). Então, ver a forma como a seleção foi tratada em 90 foi muito ruim.

Em dezembro, fomos para Vitória, ES, comemorar nosso primeiro ano de casamento com nossos queridos amigos do SESC (Jorge, Cristina, Hudson). Foi a primeira vez que eu andei de avião. Na praia, comemos uma porção de camarão rosa absolutamente enorme e eu comi abacaxi depois de uns 15 anos.


Foi lá que eu descobri, pela primeira vez, que existia lugar no mundo em que não se comia churrasco com mandioca - teve gente que achou que estávamos de sacanagem.. foi engraçado. O primeiro ano terminou como começou: divertidíssimo.

Paz de Cristo a todos!!!