Quando o Extra era Jumbo
Hoje é dia 14/01/14, o dia em que começo a concretizar um
projeto ensaiado por anos, desde que viemos para São Paulo. Foi quando a
distância do meu local de origem, de minhas raízes, fez brotar um sentimento de gratidão-saudade que
me motivou a compartilhar com as 10 pessoas que vão ler estas crônicas as
impressões registradas em meu íntimo sobre o ser sulmatogrossense, entremeado
pela minha história e as lembranças que delineiam este contexto. Vou escrevendo
sem me preocupar detalhadamente de locais, nomes (minha grande dificuldade),
datas exatas... vou deixar as lembranças
se derramarem sobre o teclado. Quem puder e quiser contribuir me corrigindo ou
acrescentando, fique à vontade.
Nasci na Santa Casa de Misericórdia de Campo Grande em 1967.
Meu pai, seu João Lourenço, trabalhou nela por 59 anos (falo disso em outra
oportunidade). Minha mãe, Iraci, cuidava da casa em que moravam meus irmãos
Gilberto e Gilda, com 8 e 4 anos quando do meu nascimento. Morávamos em uma
casa pertencente ao hospital, localizada dentro do terreno da Santa Casa.
Ficava, junto com outras 3 ou 4 casas, onde hoje está a portaria da rua 13 de
Maio (ou seria 13 de Junho?).
Mas quero falar agora sobre o título. Por quê este título?
Porque, para mim, a construção do Jumbo (hoje Extra) em um terreno a uma quadra
de nossa residência a partir de 1972, na José Antônio, 1305 (hoje 1509), foi o
sinal de que Campo Grande começava a se tornar uma cidade tão grande quanto era
campo, um lugar mais próximo a uma capital. Antes do Jumbo, havia um grande
terreno com muitas mangueiras e uma casa, obviamente assombrada. Pelo menos era
o que a gurizada da rua falava.
À época da construção do Hipermercado, o primeiro da
cidade, a rua José Antônio já era
asfaltada e a Maracaju tinha sido canalizada e asfaltada. Para quem não sabe,
na rua Maracaju tinha um córrego que transbordava e chegou em nossa casa
algumas vezes (ela fica a uns 100 mts de lá). Se não me engano, o Jumbo começou
a ser construído em 1980 e deve ter ficado pronto em 1982 ou 1983. Que
fantástico era ter um mercado tão hiper! Fazíamos compra no Supermercado
Soares, na Av Mato Grosso. Sem dúvida, após o Jumbo, o local das compras da
família mudou. Nossa rotina de sábado era a seguinte: de manhã, o Soares; à
noite, a Feira, onde comprávamos frutas e verduras na barraca de uma japonesa,
bem no início da Abrão Julio Hae, se não me falha a memória (o local e a grafia
da rua). Depois da japonesa, íamos nas duas barracas de revistas (às vezes,
conseguíamos um gibi ou o Placar) e comíamos, de vez em quando, um espetinho
com mandioca TOTALMENTE INESQUECÍVEL. Hoje em dia, por sinal, pra comer um
espetinho na nova feira, temos que entrar no programa “Meu espetinho, Minha
vida” de tão caro que é...
Uma coisa interessante era a lanchonete anexa ao
Hipermercado, da qual miseravelmente não lembro o nome e onde trabalhei por um
mês como garçom extra em 1984 e onde nosso grupo adolescente se reunia para
falar da mulherada e coisa e tal (falarei disso também). Acho que foi a
primeira coisa mais parecida com um shopping que tivemos na cidade. As Lojas
Americanas tinham uma lanchonete muito bacana, mas nada parecida com a... WELL´S.
LEMBREI!
Olhando daqui (tempo e espaço), acho que nós,
sulmatogrosseneses, temos que nos voltar para dentro, apreciar a caminhada que
fizemos desde a divisão e cuidar do legado que temos que deixar para o futuro.
Eu acho que não há um traço característico da cultura sulmatogrossense, não há
uma identidade própria, tal qual um adolescente que se sente ainda confuso. Não
me refiro ao que se produz, já que temos uma história-produção rica. Falo de
traduzir esta história em signos que remetam ao significado de pertencer a esta
terra, moremos nela ou não. Por isso, começo estas crônicas para deixar um
registro aos meus filhos e amigos.
Porque quando o Extra era Jumbo, eu já amava o MS sem
entender este amor. Agora, mesmo sem entender direito, começo a registrar o que
minha memória traz.
Em tempo, não há patrocínio do Extra até porque é careiro
desde sempre.
A Paz de Cristo a todos e até a próxima!
Grande Edinho! Espero poder ajudá-lo nessa empreitada com minhas recordações.. Temos muita historia pra contar
ResponderExcluirVocê faz parte da melhor parte desta história... não esqueça nunca disso...
ExcluirÓtima iniciativa. A narrativa popular é um tio de registro histórico. Além de produzir um 'presente' para seus filhos, vc está documentando sua História!!! Obrigada por compartilhar tudo isso conosco! Grande abraço.
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