sábado, 25 de janeiro de 2014

Casamento, que viagem! - nosso primeiro encontro...

Bom, tudo tem um começo. Mas quando um casamento começa?

Foi quando a Rosana saiu de Piraju e foi para Campo Grande em 1986? Saiu do conforto da família e foi morar em um sítio perto do bairro Flamboyant (escreve assim?). Não tinha luz elétrica, não tinha forro, tinha que tomar banho de caneca... uma grande aventura. Ela foi recebida por uma família muito acolhedora e que deu suporte para que pudesse trabalhar (primeiro na Santa Casa, como auxiliar administrativa; depois, começou a dar aulas de Ed. Física)... como prometi que vou escrever os textos totalmente de memória, lembro do nome do Seu Chico, mas o nome da mulher dele eu vou ficar devendo¹... mas foram anjos na vida da gente.

Ou o começo foi quando eu decidi fazer Educação Física? Como qualquer um próximo a completar 17 anos, eu não tinha ideia do que faria. Passei na UFMS para Educação Física e na FUCMAT para Administração (84). Optei pela primeira para encontrar a segunda anos depois na forma da administração esportiva.

Ou o casamento começou quando o Kellerman, baita técnico de atletismo e um amigo muito querido, me viu passando pelo (na época) Estádio Belmar Fidalgo e falou "Tá sabendo que o SESC tá com processo seletivo aberto?". Perguntei: "Quem é o coordenador agora?". Era o Álvaro Sérgio da Costa Flores, com quem eu já tinha contato. Eu estava indo morar em Dourados (tava matriculado em história na UFMS, assumindo vaga de concurso do estado e tentando correr atrás do vento....). Acabei participando do processo seletivo e entrei. A Rosana, que já trabalhava lá, escolheu o meu currículo.

Ou começou quando eu vi a Rosana pela primeira vez na foto abaixo (fevereiro de 89), que ficava na mesa da sala dos técnicos? Ela me conquistou aí, com esse sorriso lindo que eu vejo todo dia de manhã e que fica cada vez mais bonito com o tempo... quando eu a vi pessoalmente, já tinha começado a me apaixonar.

Da esquerda para direita: Álvaro, a esposa dele, a Zezé e a Rosana. Em pé, o Hudson e o Gleidson.

Ou o casamento começou quando eu a pedi em namoro em março de 89, ou quando noivamos em outubro, ou quando casamos em dezembro? Ou quando brigamos pela primeira vez (certamente, não a última) e começamos a perceber como funcionávamos de verdade?

Ou o nosso casamento começou hoje de manhã, novamente? Com a grande vantagem de que não somos dois desconhecidos como em 1989, mas duas almas/personalidades em constante elaboração.

Paz de Cristo a todos e até a semana que vem!

1 - A Rosana revisou o texto e deu o nome do anjo: Dona Yolanda.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Casamento, que viagem! - 1

25 anos não garantem 25 horas de casamento, posso garantir... eu e a Rosana estamos neste barco há tempo suficiente para entendermos que o presente deve ser vivido, o passado deve ser comemorado e o futuro, construído. Penso que as festas de casamento superproduzidas comemoram o presente e o futuro; depois, a maioria das pessoas passa muito tempo tentando reconstruir o passado.. enfim, uma loucura!
Acho que o nosso casamento vem dando certo até agora porque, desde o início e meio na intuição, tivemos uma grande sacada: nunca dormimos brigados. Muitas e muitas vezes dormimos muito bravos um com o outro, mas depois de termos falado sobre o atrito e esgotado os argumentos. Enfim, é muito trabalho e dedicação, assim como criar filhos.

Na nossa festa de casamento, que só aconteceu porque a Tia Áurea  fez questão de oferecer um jantar na casa dela e do Tio Miro, firmamos um compromisso que não tinha muitas chances de dar certo: eu tinha 22 anos, a Rosana 24, fomos morar nos fundos da casa de meus pais (mas ficamos 3 meses morando no meu antigo quarto pois o Beto e a Denise ainda ocupavam o local)... olha, muita aventura e pouco bom senso... porém, ambos tínhamos como nos sustentar e tínhamos o mesmo compromisso que temos hoje: ser felizes, de verdade.

Destaque para ela, a samanbaia: esta planta saiu mais vezes no album que eu....

O casamento, em si, não tem muita lógica: você sai do conforto da sua individualidade para se lançar na construção de uma nova pessoa, formada por outras duas que precisam se manter como indivíduos em algumas áreas da vida para poder preservar a parceria. Quando temos filhos (se não é para ter filhos, para que casar?), nos voltamos para outra(s) pessoa(s) - o homem tentando fazer de conta que não precisa de sexo e a mulher tentando fazer de conta que precisa – se conseguir se lembrar disso! Essa(s) pessoinha(s), desde o início e em pouco tempo, tem que ser treinada para viver individualmente, mas lembrando-se dos pais que começam a ficar manhosos como crianças. Muito simples...

Graças a Deus, a lógica não importou muito. Em 16 de dezembro de 1989 casamos e estamos nos suportando (no sentido de dar suporte) até a presente data. Sexo, amor, comprometimento, parceria, fidelidade, bom humor, filhos, detalhes, carinho, um orçamento só, tudo junto e misturado em uma constante busca pelo equilíbrio e desequilíbrio pois é assim que andamos: um pé à frente do outro, em um constante desequilíbrio que nos projeta para frente. Um aspecto muito bacana: nunca nos entregamos à clássica disputa de egos e de poder. Sempre que um vai andando nessa direção (quem manda mais), o outro puxa a corda e alinha o rumo.

Quando eu olho para trás, vejo nossa trajetória, olha a Rosana e os meninos.... tudo faz muito sentido, todo o esforço e dedicação a um projeto em parceira se traduzem em uma família absolutamente comum e, exatamente por isso, uma família da qual me orgulho. Me sentiria muito esquisito em ter sido sortudo ou agraciado em meio aos demais seres humanos que me rodeiam. Por saber de minhas limitações e das limitações da mulher da minha vida, afirmo que um casamento é resultado da vontade de duas pessoas em serem felizes, de serem plenas, de serem reais.

Os detalhes eu conto mais tarde....


A Paz de Cristo a todos e até a próxima! 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Centro Educacional Lúcia Martins Coelho

Centro Educacional de Primeiro e Segundo Grau Lucia Martins Coelho.

Estudei no Centro (é como o chamávamos) de 1973 a 1979. Enorme, com uma equipe de profissionais de primeira linha, uma referência no ensino e no esporte. Professores como o Américo (artes), Wilson (matemática – responsável por um trauma enorme que me mostrou como eu era frágil), Alfredo (educação física para os meninos), Guaraciaba (minha professora da 4ª série) entre outros. Um exemplo de como a educação pública era mais eficiente à época, como em todo o país.

Lembro de algumas figuras com quem convivi. Deixem-me compartilhar com vocês:

- Adriana Pacheco e Adriana não me lembro o sobrenome agora: duas amigas inseparáveis. Uma grandona, outra pequena. A pequena foi a minha primeira paixão platônica, uma graça de menina, branquinha e muito divertida. A dupla era ótima;

- Jadir: um japonês muito simpático e inteligente. Acho que fez odontologia. Eu, secretamente, disputava as melhores notas com ele até a 7ª série. Lembro de vê-lo jogando vôlei pelo Nipo-brasileiro, com aquele estilo defesa-ataque rápido de time japonês. Uma pessoa de quem tenho ótimas lembranças;

- Márcia Maiume: a japonesa mais linda que minha memória registra. Outra paixão platônica e que eu, secretamente, disputei com o Jadir. Nos meus sonhos, sempre levei a melhor, lógico;

- Armando: um baixinho moreno, gente boa demais e que tem um irmão super bacana (não me lembro o nome). Este foi um dos grande amigos que tive no Centro;

- Mauro: louro e narigudo, morava na esquina do Centro (esquina oposta à casa do Lúdio Marins Coelho, onde tinha um caracol gigante e outros animais) e irmão de um judoca super talentoso a quem, inadvertidamente, brinquei de derrubar quando era um gurizinho faixa branca. Ao Mauro, devo desculpas por não ter valorizado a amizade que me ofereceu, principalmente na 7ª série. Em 1979, eu estava em grandes dificuldades acadêmicas. Sempre tive notas boas e, naquele ano, entrei em dificuldades. O Mauro insistiu para que eu saísse da 7ª A e fosse para a sala dele, a 7ª C, onde a professora de matemática era uma japonesinha muito bacana. Não troquei, o que acabou sendo decisivo para minha caminhada, ou seja, não me arrependo. Mas sempre tive a sensação de não ter valorizado esta amizade;

- Julio Takeshi: falecido há alguns anos por problemas cardíacos. Este se tornou um grande companheiro anos mais tarde, no cursinho. Da época do Centro, eu lembro de uma dublagem que ele, o Éder e outros garotos fizeram do grupo “Joelho de Porco” (...agora vou cheirar rapé, esta poeira não está dando pé...) para uma aula de educação artística. Tem uma passagem no teatro também que relato abaixo;

- Maura: uma garota ruiva, alta e bonita, que fez minha mãe em uma peça de teatro (O Filho Pródigo) e o Júlio era o pai. Foi muito engraçado, porque eu brincava com o Júlio: “Pai, você tem certeza que não tem nada errado? Mamãe ruiva, você japonês e eu moreninho...”. Daí, eu caía na risada. Acho que foi a primeira garota que se interessou por mim...

- Adilson Tebaldi: que cito aqui pois lembro dele por pertencer a uma turma à frente. Depois nos encontramos no CNEC, em 1983, e ele se tornou um irmão pra sempre;

- Ítalo: não fomos amigos. Ele era uma espécie de mito esportivo no Centro, sempre participando das equipes de vôlei, basquete e handebol. Lembro que fui assistir um jogo no ginásio da UCE (União Campograndense de Estudantes) e o Ítalo fez uma cesta caído no chão. Ele estava deitado embaixo do aro e arremessou: dois pontos pro Centro...

- Pedro Pedrossian Filho: obviamente, o nome indica a origem. Filho de um político das antigas e, diziam na época, responsável indireto pela excelência do ensino no Centro. Lembro que sempre tratou a todos com muita educação e cortesia. Fui na casa dele uma vez, que ficava na Mato Grosso, e fiquei impressionado com a beleza da construção, que parecia aqueles palácios mexicanos de filme do Zorro;

- Nei: esta figura é do primário. Seu pai trabalhava no IBC (Instituto Brasileiro do Café), que ficava em uma rua paralela à José Antonio. Ficou na memória pois foi com ele a primeira e única briga que tive: estávamos na 3ª série e machuquei a mão dele com meu focinho! Assim que a briga terminou, ficamos amigos e acho que ele ficou no Centro até a 5ª série.

Nossas lembranças e saudades, invariavelmente, estão sempre ligadas às pessoas que conhecemos. Os locais e situações são “escadas” para que alcancemos os seres humanos com os quais compartilhamos nossas experiências. Agradeço a todas as pessoas que fizeram parte da história do Centro Educacional e que, de alguma forma, fizeram com que esta fosse uma escola de destaque em Campo Grande durante os anos 70, principalmente.

A Paz de Cristo a todos e até a próxima! 

Quando o Extra era Jumbo

Quando o Extra era Jumbo

Hoje é dia 14/01/14, o dia em que começo a concretizar um projeto ensaiado por anos, desde que viemos para São Paulo. Foi quando a distância do meu local de origem, de minhas raízes, fez  brotar um sentimento de gratidão-saudade que me motivou a compartilhar com as 10 pessoas que vão ler estas crônicas as impressões registradas em meu íntimo sobre o ser sulmatogrossense, entremeado pela minha história e as lembranças que delineiam este contexto. Vou escrevendo sem me preocupar detalhadamente de locais, nomes (minha grande dificuldade), datas exatas...  vou deixar as lembranças se derramarem sobre o teclado. Quem puder e quiser contribuir me corrigindo ou acrescentando, fique à vontade.
Nasci na Santa Casa de Misericórdia de Campo Grande em 1967. Meu pai, seu João Lourenço, trabalhou nela por 59 anos (falo disso em outra oportunidade). Minha mãe, Iraci, cuidava da casa em que moravam meus irmãos Gilberto e Gilda, com 8 e 4 anos quando do meu nascimento. Morávamos em uma casa pertencente ao hospital, localizada dentro do terreno da Santa Casa. Ficava, junto com outras 3 ou 4 casas, onde hoje está a portaria da rua 13 de Maio (ou seria 13 de Junho?).
Mas quero falar agora sobre o título. Por quê este título? Porque, para mim, a construção do Jumbo (hoje Extra) em um terreno a uma quadra de nossa residência a partir de 1972, na José Antônio, 1305 (hoje 1509), foi o sinal de que Campo Grande começava a se tornar uma cidade tão grande quanto era campo, um lugar mais próximo a uma capital. Antes do Jumbo, havia um grande terreno com muitas mangueiras e uma casa, obviamente assombrada. Pelo menos era o que a gurizada da rua falava.
À época da construção do Hipermercado, o primeiro da cidade,  a rua José Antônio já era asfaltada e a Maracaju tinha sido canalizada e asfaltada. Para quem não sabe, na rua Maracaju tinha um córrego que transbordava e chegou em nossa casa algumas vezes (ela fica a uns 100 mts de lá). Se não me engano, o Jumbo começou a ser construído em 1980 e deve ter ficado pronto em 1982 ou 1983. Que fantástico era ter um mercado tão hiper! Fazíamos compra no Supermercado Soares, na Av Mato Grosso. Sem dúvida, após o Jumbo, o local das compras da família mudou. Nossa rotina de sábado era a seguinte: de manhã, o Soares; à noite, a Feira, onde comprávamos frutas e verduras na barraca de uma japonesa, bem no início da Abrão Julio Hae, se não me falha a memória (o local e a grafia da rua). Depois da japonesa, íamos nas duas barracas de revistas (às vezes, conseguíamos um gibi ou o Placar) e comíamos, de vez em quando, um espetinho com mandioca TOTALMENTE INESQUECÍVEL. Hoje em dia, por sinal, pra comer um espetinho na nova feira, temos que entrar no programa “Meu espetinho, Minha vida” de tão caro que é...
Uma coisa interessante era a lanchonete anexa ao Hipermercado, da qual miseravelmente não lembro o nome e onde trabalhei por um mês como garçom extra em 1984 e onde nosso grupo adolescente se reunia para falar da mulherada e coisa e tal (falarei disso também). Acho que foi a primeira coisa mais parecida com um shopping que tivemos na cidade. As Lojas Americanas tinham uma lanchonete muito bacana, mas nada parecida com a... WELL´S. LEMBREI!
Olhando daqui (tempo e espaço), acho que nós, sulmatogrosseneses, temos que nos voltar para dentro, apreciar a caminhada que fizemos desde a divisão e cuidar do legado que temos que deixar para o futuro. Eu acho que não há um traço característico da cultura sulmatogrossense, não há uma identidade própria, tal qual um adolescente que se sente ainda confuso. Não me refiro ao que se produz, já que temos uma história-produção rica. Falo de traduzir esta história em signos que remetam ao significado de pertencer a esta terra, moremos nela ou não. Por isso, começo estas crônicas para deixar um registro aos meus filhos e amigos.
Porque quando o Extra era Jumbo, eu já amava o MS sem entender este amor. Agora, mesmo sem entender direito, começo a registrar o que minha memória traz.
Em tempo, não há patrocínio do Extra até porque é careiro desde sempre.

A Paz de Cristo a todos e até a próxima!