terça-feira, 8 de julho de 2014

Quando uma esperança vira um sonho

Estamos há duas horas do jogo entre Brasil e Alemanha pelas semi-finais da Copa do Mundo de 2014, a 2ª disputada no Brasil. Escrevo para os meus netos e bisnetos, se é que os terei. Ou, pelo menos, para o futuro, vai.

O futebol não é só futebol para o brasileiro. As horas que nos separam de jogos importantes são uma caminhada cada vez mais lenta para um final de filme em que não sabemos se o mocinho vai vencer. Para vocês, do futuro, cito três situações esportivas que podem descrever diferentes sensações e possibilidades:

- Quartas de final da Copa do Mundo de 1982: Valdir Perez, Leandro, Oscar, Luisinho, Junior; Falcão, Toninho Cerezo, Zico e Sócrates; Eder e Serginho. Um timaço que ia passar por cima da Itália e de quem viesse depois para conquistar o mundo após o 4º lugar de 1974 e o 3º de 1978. Perdemos o jogo e o rumo. Fiquei tão transtornado que passei mais de 20 anos sem poder ver imagens do jogo de Sarriá: várias vezes cheguei a vomitar de nervoso. Uma derrota impossível que fica menos dolorida com o tempo. Um momento inesquecível;

- Final de basquete dos Jogos Panamericanos de 1987, Indianápolis, EUA e Brasil de Oscar, Marcel, Guerrinha e cia. Os americanos jamais haviam perdido um jogo dentro de seu país e tinham um timaço. Os jogos despertaram tão pouco interesse que só a Tv Cultura estava transmitindo. Não sei exatamente porque, pensei antes do jogo: vou torcer pro Brasil como se houvesse chance de ganhar. O primeiro tempo terminou com os EUA 20 pontos na frente e, dizem, estouraram champanhe no intervalo (na época, eram 2 tempos). Pois é, ganhamos o jogo com o Oscar destruindo tudo o que via pela frente, o Pipoca ganhando rebote de tudo quanto era negão americano e eu enlouquecendo sozinho na sala. Chooooorei largado.... uma vitória impossível que fica mais gostosa com o tempo. Estávamos do lado italiano de Sarriá....

- Primeira vitória do Emerson Fittipaldi em Indianápolis: acho que foi em 1988... na última volta, com um bico do carro à frente, Emerson foi o primeiro estrangeiro a vencer também em Indianápolis... uma vitória possível que fica mais gostosa com o tempo....

E hoje, estamos próximos de um momento histórico. Na minha opinião, ganharemos por 4 a 1, em um jogo mais fácil do que imaginamos. Quem vai brilhar? Fred, Oscar e David Luiz. Podemos perder? Lógico. mas é essa a magia do esporte: depois de algum tempo, começa tudo de novo, ganhando ou perdendo.

Nestes 25 anos, nos acostumamos a olhar para o futuro com confiança. Nem sempre merecedores de tantas graças e bençãos, mas buscando este merecimento. Os desafios que enfrentamos precisam ser encarados com aquela máxima: "Tudo vai acabar bem; se não está bem, é porque ainda não terminou"...

Paz de Cristo a todos e que vença o melhor!!!

P.S.: Escrevo, agora, no dia 09, às 11:12. Foi 7x1 para a Alemanha. Um apagão histórico de 10 minutos e 4 gols tomados, a pior partida de uma seleção brasileira em 100 anos e a história passando diante de nossos olhos: Estes jogadores não mereciam uma humilhação como esta, mas a derrota de ontem pode ser o ponto de conversão onde o ponto de chegada é o HEXA NA RÚSSIA!!! COMEÇOU TUDO DE NOVO! VAI, BRASIL!!!!!

sábado, 5 de julho de 2014

Quando um sonho vira fumaça

Pois é, hoje é sábado, 05/07, um dia após a classificação do Brasil para a semifinal da Copa do Mundo e a desclassificação da 3ª vértebra lombar do Neymar. Acasos da vida que dão o tom para as alegrias e tristezas que todos nós temos em nossa caminhada.

Longe de ser um desastre, na minha opinião sempre otimista, a lesão do Neymar pode liberar a energia criativa de muitos jogadores, agora desobrigados a servir o grande craque. Não que eu ache que há um desconforto nisso, parece que o grupo realmente é unido, mas quando estamos sozinhos, sem os heróis de sempre, parece que temos que dar mais um pouco, temos que ir além. Colômbia jogou sem Falcão Garcia, França sem o Ribery... talvez a falta de Neymar seja um ponto de inflexão para que outros desabrochem como protagonistas.

Assim é a vida: nós podemos achar que somos imprescindíveis para alguém, que nossa presença e opinião é obrigatória... mas nunca é assim. Supervalorizamos a nós mesmos e nosso papel no mundo e na vida dos outros. Quando a vida nos joga na cara o quanto somos "desimportantes", temos a tendência de nos revoltarmos. Amigos, filhos, colegas de trabalho, familiares: nenhum deles viverá sem a gente, nenhum deles vai viver apenas pra nós. E que bom que seja assim: já pensou que terrível responsabilidade a de sermos imprescindíveis para alguém? De sermos indispensáveis no nível de impedir a outro que caminhe?

É terrível a consciência de que somos imprescindíveis apenas a nós mesmos: eu só posso ser imprescindível a mim mesmo, não posso permitir que a minha existência seja tão estranha que eu possa viver apenas para os outros e nunca para mim....

E qual é o limite entre ter esta consciência e não ser egoísta? Ahh, esta é uma questão que nem uma final de Copa do Mundo contra a Argentina com vitória BRASILEIRA pode responder...

Paz de Cristo a todos!