domingo, 23 de fevereiro de 2014

Casamento, que viagem - noivado

Começamos a namorar em março de 89 e noivamos em outubro do mesmo ano. Quero compartilhar como isto aconteceu.

Em outubro, no MS, o feriado de Nossa Senhora (12) emenda com o da divisão do estado (10). Em uma noite de setembro (acho), no SESC, estávamos eu, a Rosana e o Álvaro nos encontramos na escada que saía da lanchonete e ia pra quadra. Aproveitei e perguntei pro Álvaro, na frente dela e sem combinar nada, se ele aceitava ser padrinho de casamento. Foi bacana ver a reação dela...

Tempos depois, a Rosana me disse que contou que teve a seguinte conversa com o Álvaro:

Rosana: Álvaro, será que eu estou fazendo a coisa certa em escolher o Edson?
Álvaro: Baixinha, você não aposta nele? Eu aposto...

Sempre fui grato ao Álvaro por isso e por me inspirar em trabalhar com a gestão de equipes de profissionais de educação física. E ainda não perguntei pra ele porque não foi ao nosso casamento....

Bom, a partir do pedido de casamento aceito, precisávamos ir à Piraju, em São Paulo, pra que eu conhecesse a família da Rosana. Escolhemos o feriado pra que eu a pedisse em noivado. Fomos pra lá de ônibus. Primeiro, de Campo Grande à Ourinhos, depois de Ourinhos à Piraju. Lembro como se fosse hoje a chegada do ônibus, a visão da cidade, a Rosana me explicando que o nome significa "peixe amarelo" e, por isso, a cidade tinha o desenho de um peixe (à noite, dava pra ver. Hoje em dia, acho que não dá mais).

Conheci o Seu João Simões. Quando a Rosana falava dele, eu pensava "Que exagero, ninguém é tão bom assim. Esse deve ser daqueles que jogam pra torcida..". Como tantas vezes na minha vida, vi que fui preconceituoso e apressado no julgamento. Ao conhecer o Seu João e conviver com ele (até 98, ano de sua morte, assim como a do meu João, o Lourenço), pude perceber que toda a admiração e amor que a Rosana dedicava a ele era merecida e justa. Nunca conheci alguém com tanta dedicação à família (e todo extremo acaba gerando erros de passividade, diga-se de passagem). O nosso reconhecimento é tanto que, em nossa casa, o jeito de determinar se um de nós está dizendo a verdade ou não é "Jura pelo pai da mãe?".

Conheci Dnª Santa, minha sogra. Ela não gostou de mim desde a primeira vez que me viu e acho que ela não estava errada. Sempre me respeitou, mas adorava mostrar quem mandava. Certamente, vou contar passagens nossas que mostraram que nunca chegamos a um consenso de quem era mais chucro... apesar de eu nunca ter discutido com ela. Após meu pedido de noivado, ela me perguntou se eu tinha certeza se queria casar, já que a Rosana é mais velha que eu 2,5 anos. Depois de ouvir a afirmativa, virou pra ela e disse: "Se ele não quiser mais você, pode vir pra cá que a gente te acolhe". Não me senti mal, não. Sempre achei que ela fez o papel de mãe de forma exemplar. E, apesar do temperamento rude e mandão, foi uma mãe que deu o melhor suporte que podia aos filhos.

Conheci a Rose e o Carlão, cunhada e concunhado. Demorou pra que eu fosse aceito, pois só o tempo dá a oportunidade pra que a gente amadureça e desfrute as possibilidades que o outro nos traz. Cada vez mais, nos tornamos parceiros no dia a dia da vida.

Conheci a Larissa e o Bruno. Eram duas criancinhas, acho que de 3 e 1,5 anos, respectivamente. Hoje com 28 e 26 anos (acho), casados. Foram as duas pessoas, na família, que me reconheceram como alguém da família nos primeiros anos. Me prepararam para ser pai e, hoje, sinto que me reconhecem. Ficamos emocionalmente afastados por uns tempos, mas hoje (e faz um bom tempo) somos próximos como tios e sobrinhos devem ser.

Seu João e Dnª Santa, Zezé e Amadeu, Rose, Carlão e Larissa, Dnª Yolanda e Seu (esqueci o nome)*


A partir do noivado, pude saber onde estava "me metendo". Ninguém fez de conta que gostou de um garoto de 22 anos, imaturo, meio irresponsável e diferente de tudo o que eles conheciam (estavam absolutamente certos) "tomar o lugar" de um "homem católico, concursado na Caixa (e não Banco do Brasil) e com assunto". Assim como, com o passar do tempo, fomos nos entendendo e chegando a uma convivência que foi se tornando de tolerante a respeitosa, chegando a uma parceria, quem sabe. Assim é nossa caminhada na terra.

Paz de Cristo a todos!!!


*Seu Francisco! Desculpe....

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Casamento, que viagem - dois pés no meu caminho...

Como já contei, vi a Rosana pela primeira vez em uma foto da equipe técnica do SESC. Ali, comecei a me apaixonar.

Não me lembro da primeira vez que eu a vi em pessoa, exatamente. O ambiente de trabalho era, no mínimo, divertido e movimentado. Fazíamos parte de uma equipe de profissionais de educação física que trabalhava no Centro de Atividades Camilo Boni, na Av. Afonso Pena, em Campo Grande. O Alvaro era o Coordenador; os professores eram: Rosana, Cristina, Nara Jane, Wilson, Hudson, Edson, Ederson, Jorge, Sheila (Rosana acabou de me lembrar: era Shirlei!). O Gledson era guarda vidas (e meio que apaixonado pela Rosana). A Zezé era a secretária. Isso era fevereiro de 1989.

A sala em que trabalhávamos começou a ser reformada e passamos para uma sala no andar de cima do prédio. Um dia, entre final de fevereiro e início de março, eu subi as escadas para fazer algo; quase entrando na sala, pude ver os dois pezinhos da Rosana, um em cima do outro, amassando o tênis... fiquei olhando um pouco, achei os dois muito bonitos, sei lá. Entrei na sala e fiz o que faço de melhor: falei exatamente o que eu estava pensando: "Olha, você tem os pés muito bonitos; aliás, as pernas também. Parabéns". O olhar de indiferença que recebi foi meio que um balde de água fria, que não esfriou muita coisa. Eu, que não me interessava nem por meninas que tinham paqueras, resolvi que ia tentar namorar uma que estava quase noivando pra casar (ela namorava há uns 3 anos uma figura que havia passado no concurso do Banco do Brasil - na época, era tirar a sorte grande). Não conseguia pensar em nada que não fosse conseguir dar um beijo nela....

Rosana pré-eu

Aí, fui percebendo que o namoro não era assim uma Brastemp. Fui sacando que ela não estava feliz, já vivia uma relação meio burocrática. Obviamente, quando tive a oportunidade, emprestei o Passat azul-marinho do meu irmão Beto pra dar carona em uma noite que saíamos juntos às 21h00. Quero esclarecer que não me orgulho de ter cantado uma mulher comprometida, mas era a MINHA mulher - era o que eu já sentia. Dirigi até a casa dela (morava em uma república com três amigas: Elizete, Aiko e Maura - estas duas são amigas pirajuenses da Rosana que permanecem até hoje). Conversamos por umas duas horas até que eu olhei bem pra ela e perguntei: posso te dar um beijo? Ela disse que sim, sorrindo pra mim com os olhos brilhando... bom, estávamos na segunda quinzena de março/89. Até hoje eu vejo aquele brilho, aquele sorriso, aquela luz. Entrei em um túnel de vento, amor, TPM, aprendizado, sexo, carinho, religião, filhos, diferenças.... e quando eu sair, do outro lado, quero ter a mesma sensação que tenho agora: que delícia de loucura é esse amor! E os pezinhos dela me deram a rasteira derradeira da qual nunca quero me levantar...

A Paz de Cristo a todos. Até a próxima.


domingo, 9 de fevereiro de 2014

Aos amigos - Parte 1

Ontem à noite, ouvindo a Rita Lee naquela versão da música dos Beatles (Minha Vida) e agora, ouvindo Oswaldo Montenegro (A Lista), decidi começar a escrever sobre nossos amigos. Não estaríamos aqui se não fossem por eles, sem dúvida nenhuma. Em alguns momentos decisivos, estes amigos formaram um tipo de suporte onde o nosso casamento pode se apoiar para crescer ou foram especialmente importantes em nossa formação como pessoas. Tanto eu quanto a Rosana temos um amor profundo por muitas pessoas que pouco ou nunca conviveram com o casal.
Dias desses a minha irmã Gilda me mandou a foto do Júlio Tokeshi, o japonês mais doido que tive o prazer de conviver. Conheci o Júlio no Centro Educacional em torno de 75 (acho), estudamos juntos mas não ficamos muito próximos. Ele foi meu pai numa peça na 7ª série mas não nos falávamos muito. Mas em 82 e 83 estudamos no CNEC (2º e 3º anos do 2º grau). Daí, junto com o Adilson e o Luis, formamos um grupo de amigos que me ajudou a amadurecer e viver a atmosfera da adolescência. Não fizemos nada de especial além de viver este tempo tão maravilhosamente bonito e confuso (o que não é pouco). O Júlio dirigia uma Caravan branca linda, às vezes uma Rural muito engraçada (bom, eu achava o carro engraçado com o japonês dentro)... a partir de 84, nós nos vimos com pouca frequência. Aí, deve fazer uns 15 anos, o Júlio me deixou uma lição muito importante: como a morte de um amigo, mesmo daquele que não vimos a tempos, toca fundo no coração, nos lembrando de como as pessoas são importantes e de como devemos aproveitar bem o tempo (muito pequeno) que temos juntos uns dos outros. O coração dele parou e ele foi na frente para um lugar onde todos iremos. Ver a foto do Júlio como eu me lembrava dele foi muito bacana.
Adilson, eu, Luis e o Corcel II do seu Edson, pai do Adilson.

O tempo vai passando e as pessoas vão passando umas pelas outras. E nesse movimento contínuo, acho que a grande diferença entre os laços com nosso núcleo familiar e os laços que criamos com os amigos é a escolha. Podemos escolher ser amigos de nossos filhos, esposa, primos, irmãos, mas nunca vamos poder apagar o laço de parentesco. Um irmão será irmão para sempre, mesmo não havendo a identificação e proximidade. Mas ter um amigo é um processo consciente, uma escolha pessoal e intransferível. A manutenção desta relação, de forma interna (lembrando dos motivos pelos quais elegemos uma pessoa como amigo) ou externa (o contato com esta pessoa, seja físico ou à distância) é uma rotina necessária. O facebook facilitou muito este processo mas temos que ter atenção para não banalizar ou artificializar (acho que esta palavra não existia até agora...) as relações.
Em nossa caminhada como indivíduos e casal, conhecemos pessoas que compartilharam/compartilham conosco sonhos e realizações, experiências e aprendizados, alegrias e tristezas, conquistas e dificuldades. O cotidiano, como uma maré interminável, nos aproxima ou afasta das pessoas com as quais temos laços que não se dissolvem, nem com a distância, nem com a morte, nem com o tempo. A vocês, nossos amigos, um MUITO OBRIGADO pelo amor a nós dedicado, pelo carinho do abraço, do olhar, do incentivo, da parceria. Prometo tentar ser mais claro no dia a dia sobre esta gratidão e carinho. Talvez o Júlio não tenha percebido o quanto foi importante para mim. Mas acho que, agora, ele sabe.

Minha Vida - Rita Lee

Tem lugares que me lembram minha vida, por onde andei. As histórias, os caminhos, o destino que eu mudei
Cenas do meu filme em branco e preto, que o vento levou e o tempo traz. Entre todos os amores e amigos, de você me lembro mais 

Tem pessoas que a gente não esquece, nem se esquecer. O primeiro namorado, uma estrela da TV. Personagens do meu livro de memórias que um dia rasguei do meu cartaz. Entre todas as novelas e romances, de você me lembro mais

Desenhos que a vida vai fazendo, desbotam alguns, uns ficam iguais. Entre corações que tenho tatuados, de você me lembro mais. De você, não esqueço jamais.

A Paz de Cristo a todos. Até a próxima.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Huguian

Temos dois filhos que, de tão grudados, já foram confundidos como uma pessoa só, né Silmara? Nossa querida amiga, ao ouvir o nome dos dois ditos seguidamente achou que era o nome de criança mais esquisito do mundo...... mas existe uma verdade nessa cacofonia.
Quando o Hugo nasceu (16/06/1994) ele chorou muito durante 9 meses. Mas chorou muito mesmo. A Rosana ficou um palito pois não conseguia dormir durante a noite, mesmo quando ele estava dormindo ou ficava comigo. E todo o trabalho que ele deu nestes 9 primeiros meses foi compensado a partir de 9 meses e um dia. Mas diziam que ele estava esperando o irmão. Eu acho que estava mesmo.
Quando o Ian nasceu (16/12/1996), no dia de nosso 7º aniversário de casamento, o Hugo pareceu se completar. E o Ian, desde o início, grudou no irmão. Um é a base para o crescimento do outro. Vê-los se desenvolver durante os anos tem sido um presente de DEUS. Dois amigos que são irmãos. E com as devidas brigas e desavenças que só os irmãos tem.

São, logicamente, duas pessoas completamente diferentes. Cada um tem a sua sensibilidade, sua visão de mundo, suas crenças, suas ambições. Mas tem uma ligação que só se fortalece com o tempo. Apesar de sempre terem brigas e discussões (sempre por motivos muuuuito "importantes"...), tem necessidade um do outro. 
Quando eu era mais jovem, achava que um casamento não poderia se manter por causa dos filhos. Continuo achando, mas de um jeito diferente: existem crises e fases em que o amor aos filhos mantém a ligação entre o casal. São a concretude de um amor que existe como sentimento e propósito. Diferente de qualquer outro objetivo comum que um  casal possa ter, os filhos geram certezas de algumas coisas, tais como o dedo de DEUS na nossa vida, a beleza do amor irrestrito, profundo e absoluto (mas sem essa de não exigir nada em troca: amor, respeito e consideração são bons e nós gostamos), ver a sua outra metade misturada consigo... é bom e cada vez fica melhor.
De vez em quando, um deles pergunta se tenho saudades do passado ou se era melhor quando eram crianças. Francamente, lembro com muita alegria de tudo que vivemos até agora, mas o melhor momento é o presente, quando posso vê-los em suas mudanças e desafios, mesmo quando esses momentos representam angústias e incertezas pois o futuro é uma grande aventura que se descortina à nossa frente sem roteiros definidos, apenas com sugestões e direcionamentos que tentamos apresentar. Quem sabe o que acontecerá?

Paz de Cristo a todos e até a próxima!